terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Uns trabalham! Outros lucram!


Todos os anos na União Europeia são deitados fora cerca de 50% dos alimentos em condições comestíveis. São cerca de 89 milhões de toneladas de comida não utilizada, o que, atendendo à população dos 27 Estados membros, significa uma média de 179 Kg por pessoa. Mas, o mais incrivel é que, no mesmo espaço onde se desperdiça tudo isto, vivem cerca de 79 milhões de pessoas abaixo do limiar da pobreza, sem acesso a alimentos suficientes.

O desperdício alimentar verifica-se a todos os niveis da cadeia agroalimentar, desde os campos agrícolas, às indústrias de transformação, às empresas de distribuição e às casas dos consumidores, contudo, estima-se que seja precisamente ao nível do consumidor que ele seja maior, cerca de 42% ( 60% do qual poderia ser evitado).

Este desperdício não é, nem pode ser uma inevitabilidade. Algo tão simples como a venda a granel, que permitiria ao consumidor adquirir uma quantidade mais próxima às suas reais necessidades, ou a alteração do tamanho das embalagens, contribuiria para diminuir significativamente o desperdício. Do mesmo modo, a adopção generalizada de práticas já existentes em alguns países, por parte das superfícies comerciais, que reduzem o preço dos alimentos cuja data de validade se aproxima do fim.

No entanto, enquanto a cadeia agroalimentar for dominada pelos interesses da indústria e das grandes cadeias de distribuição, o desperdício substituirá, os produtores continuarão a ter de produzir massivamente como forma de diminuir os prejuízos. Seria pois importante introduzir também a este nível mecanismos que impedissem as actuais distorções do mercado, que levam a que os produtores tenham que vender às distribuidoras abaixo do preço de custo, ficando aquelas com todo o lucro.

Cláudia Oliveira – Região de Leiria

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