quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Espírito do Natal























Luzes fluorescentes do consumismo


Entorpecem mentes decadentes e dóceis

Enquanto eles compram e se presenteiam

Acham o máximo ter um gostinho cínico

De alma caridosa e gentil


Egoísmo e consumismo

Drogas sistemáticas

(Re) Produzidas sob encomenda

Alimentando bocas fúteis e desengajadas de vida

Caem as migalhas de suas mesas

E seus lucros bastardos se escondem por debaixo das toalhas bordadas vermelhas


Enquanto o sol

Ainda escalda lá fora

Drogados mendigos e outros miseráveis perambulam

Para quando a noite chegar desabrocharem podres ante as luzes brilhantes da cidade ‘embelezada’ pelas luzes do natal...


O que haveremos de comemorar,

Se nesta época, nossa vida, não consegue ultrapassar pela radioatividade pelo bombardeio publicitário?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Empresário amoreirense de sucesso.


















A Gracal – Gráfica Caldense teve a sua origem na aquisição da Tipografia Caldense de José da Silva Dias, Lda, que começou a laborar em 1906, completando este ano 104 anos. Na Tipografia Caldense, que funcionava na Rua José Malhoa, frente à capela S. Sebastião, era impressa a Gazeta das Caldas, desde a sua fundação, em 1925, até inícios da década de 50.


Esta tipografia viria a ser adquirida também em 1955 pela família Mineiro que, depois de alguns anos de laboração, formou a sociedade por quotas, com a denominação de Gracal – Gráfica Caldense Lda, que perdura até aos nossos dias. Actualmente possui como sócios gerentes Diamantino Laura Ferreira (64 anos), Carlos Leitão (57 anos) e António Perdigão (67 anos).

Carlos Leitão, natural de Amoreira de Óbidos, é o mais jovem dos sócios, mas o mais antigo a trabalhar na empresa, onde começou em 1965, como aprendiz. Tinha então 13 anos.

Desse final da década de 60 lembra que todos os dias de manhã, às 8 horas, quando chegava à empresa, a primeira coisa que fazia era imprimir uma folha em A5 para o Salão Ibéria sobre o filme que seria projectado naquele dia. “Eram 500 impressos para distribuir, feitos na máquina a pedal”, conta.

Diamantino Laura Ferreira chegou em 1970, depois de ter cumprido serviço militar nas ex-Colónias, e António Perdigão começou a trabalhar na parte de contabilidade da empresa em 1973.

Dos primeiros tempos restam apenas algumas máquinas e fotolitos, para contar a história de um tempo em que o processo era muito diferente. “Era tudo composto à mão, com caracteres de chumbo e de madeira”, lembra Carlos Leitão, acrescentando que o desenvolvimento da tecnologia veio permitir que se criassem linhas quase com frases completas. “Antigamente para fazer um jornal havia 12 ou 15 máquinas, tudo a compor para o mesmo”, especifica.

Os sócios destacam ainda que a empresa cresceu bastante quando foi adquirida por Henrique Mineiro, um economista “muito influente” em Lisboa, que abriu portas para fornecimentos em empresas e organismos na capital. Nessa altura houve a necessidade de sair da Rua do Jardim para umas instalações maiores, na Rua Moinho de Vento, onde ainda se mantém, ocupando uma área coberta de 1600 metros quadrados.

A trabalhar na impressão há várias décadas, Carlos Leitão conta que agora, se o trabalho sai mal vai para a reciclagem, enquanto que antes, “tínhamos que tentar em provas sucessivas, fazer bem, era um trabalho minucioso”. Actualmente possuem um catálogo com as cores que querem, enquanto que antes estas tinham que ser criadas através da mistura das cores primárias.

A Gracal produz essencialmente trabalhos comerciais, para bancos, companhias de seguros e para a administração central, tendo Lisboa como o principal mercado. Ali trabalham 31 pessoas, a grande maioria das Caldas e localidades mais próximas.

Entre os projectos para o futuro está a possibilidade de fazer um museu, com as várias máquinas, gravuras antigas e outros espólio que possuem, dando assim conhecimento público de uma arte que se modificou muitos durante o decorrer do século passado.



Fátima Ferreira

fferreira@gazetacaldas.com

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Amoreirense lança livro sobre Economia


José Albano Santos, ex-presidente da Assembleia Municipal de Óbidos, lançou o livro “Economia Pública”, que apresenta o conteúdo essencial das aulas ministradas aos alunos da cadeira com o mesmo nome que lecciona no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, editor da obra, com mil exemplares.

O objectivo da publicação é, como refere, “proporcionar a estudantes universitários as ferramentas de análise que lhes permitam estabelecer um juízo criterioso sobre a intervenção do Estado na Economia e lhes possibilitem uma avaliação fundamentada das políticas públicas”.

Na obra é possível encontrar as opiniões expressas para o efeito pelos ex-ministros das Finanças Miguel Cadilhe e Medina Carreira. O primeiro, do qual foi assessor, comenta que “o livro está muito bem escrito. Tem a elegância de quem escolhe as palavras e o modo de as dizer, e cultiva o bom português, claro e acessível. E contém o saber de quem estuda e ensina, há muito, estas coisas das funções do Estado e das chamadas políticas públicas, e é capaz de o transmitir com a rara artes de compaginar rigor, utilidade e pedagogia”.

Já para Medida Carreira, a obra “preenche uma boa parte do vazio que rodeia a teoria da ‘Economia Pública’ no nosso País. Fá-lo, como sempre, através de uma exposição bem estruturada, de uma linguagem atraente, de uma conceptualização rigorosa e de uma clareza inequívoca. O autor contribui, assim e poderosamente, para uma reflexão urgente que se impõe sobre um dos pilares fundamentais, mas muito debilitado, da nossa vida presente, o da ‘Economia Pública’”.

Albano Santos é economista pelo antigo Instituto Superior de Economia. A sua actividade profissional tem-se desenvolvido em duas vertentes complementares: como quadro do Ministério das Finanças e como docente universitário. Nesta última qualidade, foi responsável por cadeiras de Finanças Públicas em vários institutos.

Natural da Amoreira, Óbidos, destacou-se muito jovem ainda como aluno na antiga Escola Comercial e Industrial das Caldas da Rainha, prosseguindo estudos académicos em Lisboa.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Inaugurados novos complexos escolares abertos à comunidade de Óbidos


Centenas de pessoas fizeram questão de marcar presença na festa, que durou todo o dia, e que incluiu, além dos tradicionais discursos, exposições, apresentações de programas informáticos, actuações de grupos musicais e ... porco no espeto.

Mudanças estas e reacções populares positivas que contrastam com situações idênticas noutros concelhos do país. Será talvez o resultado de uma aposta estratégica que foi assumida pelo próprio município, que se assume "linha da frente da educação em Portugal".

Com a abertura dos complexos escolares do Furadouro e do Alvito - que se vieram juntar ao dos Arcos - Óbidos deixou de ter as antigas escolas do primeiro ciclo (vulgo escolas primárias) a funcionar nas várias aldeias do concelho. Os dois equipamentos, situados na Amoreira e nas Gaeiras, vão acolher, respectivamente, 213 e 208 crianças do primeiro e segundo ciclos, provenientes das povoações vizinhas.

A inauguração decorreu no sábado, 11 de Setembro, e foi bastante participada pela população. Mas antes foi tempo de discursos, com intervenções de todos os presidentes de Junta de Freguesia abrangidas pelos complexos, do director do agrupamento de escolas e dos presidentes da Assembleia e Câmara, que foram unânimes em destacar as mais valias dos novos edifícios e a estratégia optada pela autarquia em termos de educação…

Óbidos está na "linha da frente da educação em Portugal" pois foi um dos poucos concelhos do país que já encerrou o reordenamento do primeiro e segundo ciclos do ensino básico…

Cada complexo, com 16 salas de aula e temáticas (como laboratórios ou salas de música), disponibiliza aos alunos o acesso a novas tecnologias como quadros interactivos, internet sem fios e computadores fixos e portáteis que podem ser utilizados em vários espaços da escola.
Foram criados pátios por idades, privilegiando-se alguma separação no mesmo recreio de crianças de seis e 12 anos…

Os novos complexos escolares vão ter a funcionar um sistema de registo de entrada e saída biométrico. Os alunos, funcionários e encarregados de educação, passam a estar registados no sistema e, através da impressão digital, poderão entrar - e sair - do estabelecimento…

O sistema estará a funcionar na entrada do edifício, na zona de bar e refeitório, secretaria e reprografia, onde os alunos podem ter acesso ao material escolar. Por exemplo, um aluno que quer adquirir uma sandes dirige-se à funcionária do bar, coloca o dedo no aparelho e é aberta a ficha do aluno onde regista o pedido e é-lhe descontada a despesa no cartão. As crianças não mexem em dinheiro, funciona como um cartão de débito, os encarregados de educação normalmente carregam o cartão ao início de cada mês com um plaffon que a criança vai gastando nas refeições e outras necessidades para esse mês.

Este equipamento está integrado com o novo sistema de gestão escolar que o município comprou à Universidade de Aveiro. Este software permite aos serviços do município aceder a dados dos complexos, nomeadamente de contabilidade e gestão financeira, sem ser necessário pedir aos funcionários dos respectivos locais.

A Câmara de Óbidos comprou ainda à Universidade de Aveiro as actividades extracurriculares, conteúdos pedagógicos e formação para todos os professores para que possam trabalhar com quadros interactivos, quer com conteúdos quer a elaborar conteúdos.

A aquisição da parte informática e biométrica custou à autarquia 200 mil euros por complexo.

Cada um dos complexos tem um custo superior a quatro milhões de euros, tendo a autarquia contado com uma comparticipação financeira de 5,2 milhões de euros… Pena foi o dinheiro gasto a mais nas derrapagens e outras coisas…

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Inauguração do Complexo Escolar do Furadouro ( Amoreira )


As nove escolas do 1º ciclo de Óbidos que ainda funcionavam não vão abrir no ano lectivo que está prestes a começar, mas a população não contesta o encerramento. Pelo contrário, a transferência de mais de duas centenas de alunos para dois novos centros escolares é encarada com tranquilidade e expectativa de ali encontrarem melhores condições de aprendizagem e recreio.

A partir de segunda-feira, Alexandre deixa a escola que frequentou ao longo de três anos na aldeia da Amoreira para passar a ter aulas no Complexo do Furadouro. Vai encontrar um espaço completamente diferente. Além do número de salas ser bem maior, terá um pavilhão desportivo, refeitório, papelaria, sala de informática, laboratório de ciências, sala de Educação Visual e Tecnológica, salas de convívio, gabinete médico e até sala de dentista.

"Os miúdos vão ter excelentes condições e fica a 700 metros da aldeia. Não é o mesmo que ficar no centro da povoação, mas a Câmara assegura o transporte gratuito", comenta a mãe de Alexandre, Lúcia Cintra. "Não lamento que a escola encerre, porque as coisas têm de evoluir. Saem de uma escola com mais de 50 anos e vão para uma novinha, com mais condições, por isso só têm a ganhar."

- Inauguração do Complexo do Furadouro

11h00 - Recepção dos Convidados Oficiais
11h15 - Bênção do edifício e cerimónia de inauguração
12h00 - Visita ao edifício
12h30 - Almoço Volante

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Homenagem aos pescadores.




«AS MÃOS DO PESCADOR»

Entre as perversas redes
a luz do amanhecer configura mentiras,
o confeti sagrado
de um maná prometido
e, amiúde, escasso e inalcançável.

As suas mãos, que tutearam
quotidianamente os sóis mais ferozes, e os eternos
cansaços, vão edificando agora a sua própria
harmonia: como um peso de um voo de gaivotas,
desenham os passos perfeitos
deste vasto domínio de naufrágios e abraços
de sal que o mar, muitas vezes,
lhe deixou por todo o corpo.

Mas as mãos nunca descansam,
resvalam nas cordas e empurram esta noite
que, daqui a pouco, ferirá com tempestades e ternuras
aqueles pequenos mares onde ancoram os barcos,
aquele porto onde ela, sempre de pé, esperará
que ele chegue e a beije, enquanto se vai apercebendo
da grandeza dos seus sonhos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dificuldade de governar


Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar.
Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente.
Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra.
E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica.
Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses:
Quem, de outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados?
E que seria da propriedade rural sem o proprietário rural?

Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.

Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht

(Tradução de Arnaldo Saraiva)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Festival de Ginástica em Amoreira, Óbidos.


O espaço do Centro Social Cultural e Recreativo da Amoreira - CSCRA acolhe no próximo dia 13 de Junho, a partir das 16h00, o GymnoAmoreira, VIII Festival de Ginástica da Amoreira (concelho de Óbidos).

São esperados neste Festival dezenas de participantes, entre atletas de todas as idades, técnicos e outros agentes desportivos, em representação de clubes, colectividades, associações e centros de vários pontos do País.

Clubes participantes:

•CSCRA- Amoreira
•GymnaACN – Coimbra
•Sport Clube Escolar Bombarralense – Bombarral
•Bombeiros Voluntários da Amadora
•Dance With Me – Cadaval
•Ginásio Club Acrotum – Leiria
•Rubi Dance - Sintra


Este evento conta com o apoio do Município de Óbidos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Estão todos bem uns para os outros


Alguns amigos e conhecidos, conhecedores das minhas preferências clubísticas, perguntaram-me ontem se eu estava triste. A todos respondi com um sorriso. E com a mesma garantia: “Não deixo que o futebol seja a parte mais importante da minha vida”. É a verdade. Na hora da derrota e na hora da vitória. Tenho, feliz e infelizmente, coisas mais importantes que me preocupam, que me fazem sorrir, que me fazem chorar. Felizmente, para mim, a minha vida é muito mais do que a bola e o meu clube.
Tenho, portanto, pena, muita pena, de todos quantos fazem do futebol o único motivo de vida. Tenho, portanto, pena dos energúmenos que lançam pedras a autocarros (sejam eles do FC Porto, do Benfica ou do Sporting). Tenho pena dos selvagens que atiram pedras para camarotes onde estão crianças. Tenho pena dos tristes que não têm mais nada para fazer do que lançar o ódio e a ameaça. Tenho pena dos que, mesmo finda a partida, incitam à violência física e psicológica. Tenho pena de quem insiste em continuar o jogo absurdo depois de o jogo ter acabado. Tenho pena dos dirigentes que se prestam ao triste papel de virgens ofendidas quando não têm moral para tanto. Tenho pena de quem responde às virgens ofendidas mesmo tendo telhados de vidro. São todos farinha do mesmo saco…

Nuno Azinheira - 24 Horas.

sábado, 1 de maio de 2010

A ginja de Óbidos.



Nesta época do ano, o Sobral da Lagoa veste-se de branco. Nas encostas da mais pequena freguesia do concelho de Óbidos, com largas vistas para o castelo e Lagoa, terrenos virados a poente descem em suaves declives, numa paleta de brancos impossíveis de reproduzir, a marcar a época da floração das ginjeiras.

É destes terrenos férteis, numa aldeia fortemente ligada à produção agrícola, que saem as ginjas, fruto que eternizou a apreciada ginja de Óbidos.

Árvore de crescimento espontâneo, as ginjeiras dividem propriedades, servem de protecção das searas ao vento e fixam socalcos entre vizinhos. Há muito, fonte de rendimento extra para os pequenos produtores agrícolas, só na última década, se iniciaram as primeiras experiências para “domesticar” uma árvore/arbusto, com a plantação dos primeiros pomares.

Beneficiando de um micro clima com características muito próprias – ventos predominantes do norte, névoas empurradas pelo Atlântico que sobem as encostas vindas da Lagoa e excelente exposição solar –, dá origem ao fruto que, depois de preparado e tratado, chega aos apreciadores no seu estágio primário, 100% natural.

A abundância do fruto terá inspirado os vários conventos da região, por altura do século XVII, a produzir o licor, tendo a receita passado os muros do silêncio com o advento do liberalismo, para ser produzido de forma caseira com uma disputa salutar entre famílias na apresentação da melhor ginja.

Presentemente temos duas empresas em grande expansão no concelho: A Frutóbidos, de Marina Brás, na Amoreira e a OPPIDUM de Dário Pimpão, no Sobral da Lagoa.

Licor de Ginja de Óbidos “Vila das Rainhas” - Sabor com muito Saber

Provar um dos deliciosos Licores de Ginja de Óbidos da Frutóbidos, carinhosamente chamados de “Ginjinha” por muitos dos seus apreciadores, constitui um prazer e o perpetuar de uma tradição cujas raízes se perdem na História.

Ao longo dos tempos, o Licor de Ginja de Óbidos tem sido motivo de convívio, alegria e inspiração para muitos apreciadores, que encontraram na Ginjinha, e no seu paladar e aroma inconfundíveis, uma companhia perfeita para momentos de diversão rodeados de amigos ou momentos de relaxe no aconchego do lar.

Em Óbidos, por exemplo, é quase obrigatório beber uma ginjinha com os amigos quando se frequenta um dos muitos bares da histórica vila, fornecidos pela Frutóbidos.

Como empresa pioneira na produção deste Licor, a Frutóbidos orgulha-se de o convidar a conhecer um pouco mais sobre a ginja, cuja história está cheia de curiosidades e peripécias e sobre o processo de produção do Licor. E, claro, conhecer os produtos comercializados pela Frutóbidos, o tradicional Licor de Ginja de Óbidos “Vila das Rainhas”, em honra às muitas rainhas que passaram pela Vila de Óbidos durante a sua história, e o novo Licor de Ginja e Chocolate “Musa”, que promete momentos de pura inspiração.
Divirta-se e aprecie. Com ou sem elas.


Receita da Ginja de Óbidos “OPPIDUM”

Colocam-se dentro de um castelo rodeado de muralhas, os seguintes ingredientes: 11 igrejas; um número significativo de casas caiadas de branco com as barras de várias cores; umas quantas chaminés mouriscas; 2 dúzias de ruas empedradas; 1/2 dúzia de largos e um pelourinho. Mexendo-se continuamente, vai-se polvilhando com flores. Após criar uma certa consistência, adiciona-se um conjunto de tradições q.b. e uns quantos actos históricos a gosto. Agita-se finalmente muito bem e deixa-se repousar durante 8 séculos.

Natural do Sobral da Lagoa, Dário Pimpão nasceu no seio de uma família ligada às lides da terra e num ambiente em que as ginjeiras e o seu fruto, as ginjas desde sempre fizeram parte do seu quotidiano.
Autodidacta na arte de produzir ginja, as primeiras influências chegaram através do avô, figura reconhecida na terra que negociava a ginja (fruto) a qual era vendida a licoristas.

Dário Pimpão, assume-se acima de tudo como mestre licorista, com grande paixão pelo seu trabalho o qual exige inspiração constante para manter os níveis de qualidade a que habituou os seus clientes. O licor da Ginja com Chocolate foi a sua última criação.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Maia para os amigos, herói do Carmo para a História.


“Aparentemente uma homenagem igual a tantas outras que depois da sua morte se têm multiplicado, em tão gritante contraste com o silêncio distraído ou cúmplice com que em vida se assistiu à marginalização sistemática, à verdadeira perseguição de que foi vítima. Foi preciso morrer para então lhe serem prestadas todas as honras, num coro de inquietante unanimismo que, acredito, o incomodaria tanto ou mais do que as injustiças e humilhações que lhe doíam a título pessoal, mas mais ainda porque sabia visarem um colectivo a que se honrava de pertencer e que dignificou como ninguém: os «implicados no 25 de Abril»… Como lembrou Matos Gomes, aquando da entrega da mais alta condecoração nacional (Ordem Militar da Torre e Espada), à viúva, Natércia Maia, «se é legítimo pensar que em vida nunca lhe outorgariam esta condecoração, a verdade é que até a sua morte foi um acto revelador das suas excepcionais qualidades, pois de novo congregou companheiros e amigos e neutralizou os que, ao arrepio das suas consciências, mais uma vez, como no Terreiro do Paço, como no Carmo, como no dia do seu funeral, tiveram de se vergar perante ele».

Mas não foi disso que se falou nessa homenagem que eu dizia ser só aparentemente mais uma. Não se falou do passado, e dos seus fantasmas, apesar de evocarmos alguém já desaparecido. Não evocámos a memória de Salgueiro Maia em litanias de soturna melancolia, tão ao nosso jeito, mas tão ao contrário do recado que nos deixou: que no seu enterro entoássemos Grândola e a Marcha do MFA.

Traçámos-lhe um perfil a partir do muito que generosa e espontaneamente ele foi distribuindo por quem teve o privilégio de o conhecer. E o que é a vida, senão este caminhar para a memória que os outros guardarão de nós? Maia pode orgulhar-se de ter deixado marcas muito fortes que o passar do tempo, ao invés de apagar, mais aviva e ilumina. Dos camaradas de armas, aos companheiros de farra, aos amigos de todas as horas, os testemunhos multiplicaram-se, tocantes de sinceridade, não raro atravessados pela emoção, mas incisivos no retrato a corpo inteiro de uma personalidade e percurso incomuns.

E no entanto, ouvindo esses testemunhos humanos a perplexidade foi crescendo em mim e acredito que nos restantes convidados: Aqueles jovens para quem quisemos passar uma versão humanizada de um herói, respeitando, aliás, a sua natural relutância em galgar tão alto patamar (fazia questão de dizer que não acreditava em heróis, só em homens a sério…), terão captado a imagem mais fiel e verdadeira de Salgueiro Maia, ou apenas uma aproximação grosseira em que a nossa memória, o melhor da nossa memória, teimava em o aprisionar?

E quanto mais tentava recordar o homem concreto, mais os seus contornos se diluíam cedendo à sua recriação no belo filme Capitães de Abril e, mais ainda, retinha as palavras de Maria de Medeiros, em resposta a reparos de alguma falta de rigor histórico no tratamento do personagem: «Às vezes não é contando com rigor como tudo aconteceu, como as coisas se passaram que se entende o seu significada mais fundo…»

Então, entre o Maia que todos conhecemos e o herói do Carmo que zonas de proximidade e de afastamento?

O que há de comum entre o menino que, estranhamente não gostava de futebol e, ao contrário, preferia os jogos de guerra, exibindo um particular gosto em organizar e comandar, e o capitão operacional que na hora da verdade não hesita um segundo: «eu é que vou…»? Entre o feroz individualista, avesso à cadeia de comando, e o militar exemplar, louvado por chefes e venerado pelos seus homens? Entre as notáveis qualidades de «aprumo, lealdade, disciplina, etc, etc,» e esse gosto em incomodar, em provocar, organizando verdadeiras reuniões conspirativas (ao som das canções de resistência) nos intervalos da guerra? Entre a rígida formação militar que recebeu e a tão oposta visão cultural dos povos que aprendeu a conhecer e a admirar?

O que há de comum entre a total ausência de vaidade com que rudemente responde à glorificação fácil com um «fiz apenas o que tinha que ser feito», e o orgulhoso desprendimento com que rejeita, para gáudio de inimigos e desespero de amigos, qualquer cargo político-militar, a uns e outros desarmando, sereno mas definitivo: «Foi de tal maneira belo, que depois dele nada mais digno pode acontecer na vida de uma pessoa»?

O que há de comum entre a sonora gargalhada à Maia, e aquela nuvem de tristeza que lhe tolda o olhar, mesmo na felicidade, tão intensa quanto breve, que lhe foi dado viver? Ou entre a brusquidão e rispidez dos gestos, o trato difícil feito de teimosia e obstinação, por vezes de mordacidade extrema, e a ternura envergonhada e fugidia que não regateou àqueles de quem gostava?

A nossa situação tinha esta singularidade: Queríamos falar do homem, mas não podíamos ignorar o herói. Queríamos falar do Maia, mas o herói do Carmo sobrepunha-se. Involuntariamente caminhávamos para o núcleo do mistério. Pensando decifrá-lo mais o adensávamos. Tentámos responder à pergunta: Como nascem os heróis? Pareceu-nos que a nossa específica condição de amigos, de testemunhas directas, nos tornava intérpretes privilegiados. Falámos muito do homem, das suas qualidades de determinação, coragem, frontalidade, inteireza, coerência, lealdade. Somámos episódios, vivências, experiências, e até lembrámos a fala premonitória: «havia de ser bonito…eu pela Avenida da Liberdade abaixo…até ao Terreiro do Paço…», como se tudo isso formasse um capital valioso que o predestinava a grandes feitos, pelos quais entraria discreta e directamente na história. No limite fizemos uma leitura retrospectiva do passado, de modo a demonstrar a longa e determinada preparação para o heroísmo.

Esquecemos que ninguém se prepara consciente ou inconscientemente para um momento a todos os títulos improvável. Ninguém se prepara para um gesto, um acto desmedido na sua natureza e nas suas consequências. Um acto heróico. As excepcionais qualidades do Maia, soberbamente comprovadas na jornada que mudou a sua e as nossas vidas, e sem as quais nada teria sido como foi, terão sido condição necessária mas não suficiente.

Entre o Maia que sai de Santarém, e o herói do Carmo operou-se um salto que na ordem do biográfico é de horas, mas que na ordem do simbólico suspende o próprio tempo.

Não estamos já na ordem da causalidade histórica, psicológica ou outra, mas na ordem do imponderável, ou se quisermos, nesses raros momentos em que a história marca encontro com os seus agentes, e como que passa através deles, servindo-se até do que noutros planos pode parecer defeito. Porque se é verdade que a história é um rio silencioso em que soçobram os sonhos mais ambiciosos e exaltantes, não o é menos que é deles que se alimenta esse imenso caudal de onde, de longe em longe, sobem à tona sementes à espera de ventos propícios. É essa a hora dos heróis, sujeitos e agentes da história, através dos quais ela se redime do seu aparente e enigmático não sentido. Foi essa a hora do Maia, embora ele não o soubesse ou o soubesse de uma outra maneira: «O herói a si assiste, vário e inconsciente…». A sua grandeza foi, glosando a tragédia grega, enfrentar o Minotauro insaciável e não adiar o tempo e a vitória que, no dizer de Francisco Sousa Tavares, «veio ter com ele, obediente e fascinada». No Carmo, Salgueiro Maia foi mais, muito mais do que a soma de todas as suas qualidades. Foi maior e melhor do que ele próprio, porque arrastado por forças mais poderosas do que ele: «Aqui ao leme sou mais do que eu…»

Nós, que conhecemos o homem e o herói, e fomos testemunhas maravilhadas e incrédulas dessa prodigiosa metamorfose, tentámos integrá-los num todo. Não o conseguiremos nunca. Eles já não nos pertencem. Não por falta de biografia, mas por excesso de sonho. Poucos contam as versões reais do Maia, face à intensa irrealidade do Herói do Carmo. Poderemos sempre mitigar esse vazio e alimentar a ilusão de os ter mais perto, repetindo com Lídia Jorge :”Nós aqui soubemos logo, dois dias depois, que vocês tinham feito uma revolução. Mas nunca pensámos que chegássemos a ver os heróis!”

Mas, se quisermos preservar as sementes do sonho, aquele fio de azul que haverá sempre em todos os escombros, reencontrar-nos-emos sempre com Manuel Alegre, cronista-mor de reinos imaginários (e tão reais): “Diz-se o teu nome e sais de Santarém/trazendo a espada e a flor da liberdade” ou com João de Melo: “Oficial e cavalheiro que sou, entrarei firme nos portões do Carmo, e ninguém saudarei pelo caminho…”

EM HOMENAGEM A TODOS OS QUE CONTRIBUIRAM PARA A ALVORADA QUE TODOS ANSIAVAMOS.

25 DE ABRIL SEMPRE.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Crimes da Igreja – Em nome do Senhor.


No início deste ano, o Papa Bento XVI citou Jesus Cristo para se referir aos casos de abuso sexual de menores na Igreja Católica: “ Os que escandalizam as crianças merecem que lhes coloquem uma mó de moinho ao pescoço e os atirem ao mar”. Embora em discurso figurado, o Papa sugeriu uma punição para os clérigos criminosos, ou seja, uma mudança no discurso apologético que se iniciou na década de 90 com João Paulo II – um discurso que reconhecia culpa na actuação da Igreja, mas que não apresentava reparações ou castigos. Nesses anos, João Paulo II lamentou a excomunhão e maldição dos católicos ortodoxos, a conversão forçada dos sérvios durante a II Guerra Mundial, o saque de Constantinopla, admitindo ainda que Galileu, preso pela Inquisição em 1632, estava certo ao dizer que a Terra não era o centro do Universo. O furor apologético do Vaticano atingiu o seu ponto mais alto em 2000, ano do Jubileu, quando o Cardeal Pietro Marini, em nome do Papa, produziu e mandou ler nas igrejas de todo o mundo uma lista que começava assim: “A referência a erros e pecados deve ser séria e capaz de especificar a culpa. No entanto, tendo em conta os pecados cometidos ao longo de vinte séculos, tem, necessariamente, de ser bastante resumida.” E esta era, resumidamente, a lista: Cruzadas, Inquisição, perseguição de judeus, tortura institucionalizada, injustiças para com as mulheres, conversão forçada de povos indígenas, e escravatura. No entanto, além das Cruzadas e de Galileu, tão longe no tempo, há um passado mais recente de crimes e omissões.
1. Irlandagate.
Em 2000, deu-se inicio a investigação conhecida como Ryan Report, que questionou milhares de vítimas, clérigos e funcionários de escolas e orfanatos na Irlanda que, sendo estatais, eram geridos pela Igreja. O Relatório Ryan, publicado em 2009, refere que as violações eram endémicas nos orfanatos e escola para rapazes, na sua maioria geridas pela ordem Christian Brothers. Nas instituições femininas, a cargo da ordem Sisters of Mercy, as raparigas sofreram menos abusos sexuais, mas eram sacos de pancada.
O Relatório concluiu ainda que os funcionários eclesiásticos protegeram de forma contínua os pedófilos, no que considera ser “uma cultura ao serviço do secretismo.” Entre as décadas de 30 e 90, sempre que confrontados com os abusos, as autoridades religiosas limitavam-se a mudar os criminosos de instituição, e a violência continuava noutro lugar.
2. O Cardeal sem lei.
Em 2002, sob pressão da comunidade e de elementos da Igreja, o Arcebispo de Bóston, Bernard Law, demitiu-se do cargo por ter sido revelado que ele sabia da actuação de padres que molestavam crianças. Mas tal como na Irlanda, esses sacerdotes eram mudados de lugar nos EUA, e os crimes repetiam-se. Uma investigação liderada pelo Procurador-geral do Estado de Massachusetts produziu um relatório publicado no final de 2003, afirmando que mais de 1000 crianças foram abusadas sexualmente por padres católicos, ao longo de seis décadas na arquidiocese de Bóston.
Sem prestar contas à Lei dos Homens, Law mudou-se para Roma onde, como Cardeal participou na eleição do Papa Bento XVI e onde tem a seu cargo a Basílica de Santa Maria Maggiore, uma das maiores de Roma.
3 . Tempos de Guerra
O Papa é o líder máximo da Igreja, mas também é um chefe de Estado. Como tal, o Vaticano, ao longo da história, tem negociado com outros Estados de forma a proteger os seus interesses. Sobre as actividades diplomáticas do Vaticano, pode dizer-se que estão mais próximas dos ensinamentos de Maquiavel e menos inspiradas na palavra de Cristo. O Vaticano foi o primeiro estado a assinar um acordo com Mussolini. Quatro anos mais tarde, em 1933, fez o mesmo com Hitler. Durante a II Guerra Mundial, o Vaticano manteve-se oficialmente neutro. Mas, no território que mais tarde se tornaria Jugoslávia, padres católicos foram cúmplices no extermínio de milhares de sérvios, judeus e ciganos.
O posicionamento do Papa durante a II Guerra Mundial prova que a Igreja Católica não é apenas uma religião que se rege apenas pelas Sagradas Escrituras. Tal como qualquer outro Estado é participante da “real politik”, faz parte desse jogo de interesses e desengano, tal como fizeram, durante a Guerra, a Espanha de Franco ou o Portugal de Salazar – aliás, a bênção da Igreja às duas ditaduras ibéricas não é segredo. O Vaticano andou de mão dada com regimes que perseguiam, torturavam e matavam. Tanto em Espanha como em Portugal, a Igreja colaborou com os ditadores para impor a sua moral e as suas leis.
4. Banqueiros de batina.
O argumento, de tantas vezes usado, já perdeu força. Mas a pergunta ainda tem validade: se Jesus Cristo disse que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus, por que razão é o Vaticano um aglomerado de luxo e ostentação dourada? Este pequeno Estado soube, por exemplo, escapar à recente crise financeira. Nos meses anteriores ao colapso dos bancos, o Vaticano retirou os seus investimentos de instituições financeiras e concentrou-se no ouro e no mercado imobiliário. Em 2008, a fortuna do Vaticano estava avaliada em 1.5 mil milhões de euros.
Na década de 80, o Instituto de Obras Religiosas (IOR), banco oficial da Santa Sé, viu-se envolvido num escândalo financeiro do qual resultou o homicídio de Roberto Calvi. Lavagens de dinheiro da Máfia Italiana e dos traficantes de droga sul-americanos. O Arcebispo Marcinkus, protegido pelo Vaticano, nunca foi a tribunal, apesar de investigado pelas autoridades italianas e americanas.
5. Mãe África
É o continente onde, diz a Ciência, nasceu o Homem. No entanto, parte da Igreja nega a Teoria da Evolução das Espécies, enquanto outra tenta uma coexistência pacífica entre o simbolismo de Adão e o aparecimento do Homo Sapiens. È verdade que algumas organizações religiosas realizaram nas últimos décadas um trabalho meritório em África, mas também é verdade que a Igreja Católica contribuiu para muitos dos cataclismos do continente – começando pela escravatura, passando pela conversão forçada dos povos indígenas e acabando na proibição do uso do preservativo como forma de prevenir a propagação da sida. Não esquecendo o Ruanda, o pais mais católico de África, cerca de 80% da população – onde padres e bispos apoiaram, durante anos, as teorias raciais que resultaram, na década de 90, no genocídio levado a cabo pela etnia hutu: 800 mil tutsis foram chacinados.
6. In nomine domini
Não se pode ocultar o trabalho benemérito da Igreja, mas também não se pode aceitar os seus crimes. Desde 1962 que as instruções do Vaticano, sobre abusos, são claras: perante qualquer denúncia, a prioridade é o secretismo. Tudo isto, porque a Igreja se tem em demasiada conta, acredita na sua infalibilidade, esquecendo-se que foi concebida por humanos e que muitas das suas regras – o celibato ou a ordenação de mulheres – nem sequer aparecem nas escrituras. São invenções dos homens, numa época em que não se sabia sequer que a Terra era redonda e em que a superstição se misturava com a necessidade de controlar os fiéis. Porque se considera dona de uma verdade única, não acessível a todos os homens, a Igreja e os seus lideres têm-se num patamar moral mais elevado, logo mais importante – um Bispo é mais susceptível de ser protegido do que um órfão de um país qualquer. Mas afastando essa noção de infalibilidade – segundo a doutrina, o Papa é escolhido por Deus – pode ser que a Igreja funcione apenas como tantas outras organizações criadas pelos homens, sejam governos de países, bancos de investimento ou exércitos guerrilheiros. Uma coisa é certa: se, em vez de santos infalíveis, os papas fossem apenas presidentes de uma grande multinacional de infantários, onde se praticassem abusos sexuais, as suas vestes brancas já não nos pareciam tão impolutas. Nem o seu silêncio seria perdoado.

Hugo Gonçalves – Maxmen Abr/2010.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Para nos mantermos sempre jovens temos de abrir o coração e a mente.


Afinal o que é ser-se velho? É ter rugas e cabelos brancos ou não ser capaz de evoluir? É que para permanecer psicologicamente jovem as operações de estética e o ginásio ajudam pouco.

Há pessoas que, graças a tratamentos hormonais, ginástica, cirurgia estética, maquilhagem e moda, continuam a parecer jovens, mesmo tendo 70 anos. E alguns também são jovens no seu interior. Já outros têm um interior envelhecido. Que significa exactamente ser jovem ou ser velho? Os jovens lembram--nos animais juvenis: crias fofas, flexíveis, brincalhonas.

Na criança vemos vivacidade, frescura e espanto. Para nós, os jovens têm muita energia, são rápidos, animados e recuperam rapidamente as forças. No plano mental, são curiosos, fazem experiências, aprendem rapidamente, acreditam no futuro, adaptam-se às várias circunstâncias, pensam para além dos esquemas existentes e são criativos, construtivos. Nos velhos, todas estas características se tornam mais rígidas. Mas será mesmo assim? Serão mesmo assim todos os jovens que conhecemos? Não. Muitos são pessoas de hábitos, seguem passivamente as modas, as orientações do grupo, perdem tempo com jogos parvos. Outros são preguiçosos, não lêem, não estudam, não conseguem concentrar-se, não acreditam no futuro, não sabem definir nem seguir metas. Portanto as qualidades que descrevemos como sendo típicas da juventude estão presentes em algumas pessoas excepcionais com uma grande inteligência, abertura mental, capacidade de criar e de renovação contínua.

Goethe, Freud, Marie Curie, Simone de Beauvoir, Verdi, Puccini, Charlie Chaplin permaneceram sempre jovens. Mas não é essencial possuir o génio deles para permanecer jovem. Basta cultivar as nossas qualidades humanas. Há muitas pessoas que ficam psicologicamente velhas com trinta anos porque se encerram em hábitos, preconceitos e horizontes ideológicos, não aceitando o que é novo ou diferente.

Controlam as emoções, não enfrentam novos problemas, tornam-se rígidas e repetitivas. E se graças à ginástica, às dietas, à cirurgia estética conseguem parecer fisicamente jovens, quando começam a falar percebemos que são iguais ao que eram no passado.

Velho é quem não evolui. Para permanecer psicologicamente jovem, o exercício e as operações estéticas servem de pouco. É preciso um coração e uma mente abertos, aceitar a humanidade em todas as suas formas, observar, estudar o que é novo, tentar compreendê-lo, não seguir a manada, não seguir as modas, não se deixar arrastar pela corrente, pensar pela própria cabeça, viver as emoções, procurar o que é intenso e essencial e rejeitar o resto.

Francesco Alberoni in Jornal I
Sociólogo, escritor e jornalista

segunda-feira, 22 de março de 2010

Arquipélago das Berlengas na lista dos 21 finalistas em votação.


O “Arquipélago das Berlengas” foi designado como um dos 21 finalistas concorrentes à eleição das “7 Maravilhas Naturais de Portugal”. Inserido na categoria das Zonas Marinhas, concorrem juntamente com o Arquipélago das Berlengas, a Ponta de Sagres e a Ria Formosa.

Os 21 locais finalistas, 3 por cada uma das 7 categorias que representam a paisagística de Portugal (1 – Zonas Marinhas, 2 – Grutas e Cavernas, 3 – Praias e Falésias, 4 – Florestas e Matas, 5 – Grandes Relevos, 6 – Áreas Protegidas, 7 – Áreas Aquáticas Não Marinhas), foram eleitos por painel de notáveis e estão em votação pública entre 7 de Março e 7 de Setembro.

Para votar no Arquipélago das Berlengas, poderá fazê-lo por telefone: 760302 713 (custo: € 0,60+IVA), por SMS: Destinatário – 68933 Mensagem: 713 (Custo: € 0,50 IVA incluído) e pela Internet: www.7maravilhas.sapo.pt/#/pt/finalista.

O Arquipélago das Berlengas é formado por um conjunto de ilhas e recifes costeiros situado ao largo de Peniche na plataforma continental Portuguesa, distribuídos por três grupos: Ilha da Berlenga e recifes associados, Farilhões e Estelas. As ilhas de maior dimensão atingem uma altura de cerca de 90 m, mas os restantes ilhéus e rochedos são de pequenas dimensões, por vezes apenas aflorando a superfície do mar.

Dadas as características únicas das Berlengas, nomeadamente a geografia e o clima, conduziram à especialização de três endemismos florísticos. Assim, destacam-se, pelo enorme valor conservacionista, as espécies endémicas Armeria berlengensis, Herniaria lusitanica subsp. berlengiana e Pulicaria microcephala. É reconhecido que a flora marinha do arquipélago das Berlengas tem elevado interesse biológico. Observações recentes indicam que existem nas Berlengas numerosas espécies descritas pela primeira vez para a Península Ibérica, nomeadamente de espécies que só se encontram referenciadas para o Mediterrâneo.

Nas Berlengas estão referenciadas 76 espécies de peixes, fazendo parte deste grupo pequenos pelágicos como sardinha, sarda, cavala e carapau, que são as espécies mais importantes capturadas pela arte de cerco da frota pesqueira de Peniche. É de referir também a existência, do congro, e de algumas espécies de raias, que merecem destaque pois são também outros recursos pesqueiros desembarcados localmente. A família mais numerosa em termos de espécies engloba os Esparídeos, com 11 espécies. Fazem parte deste grupo, espécies comercialmente importantes como sargos, pargos e a dourada, entre outros. Em termos emblemáticos, é de referir a ocorrência nas Berlengas do mero Epinephelus marginatus.

A avifauna das Berlengas é relevante sobretudo pelas aves marinhas. De facto, e além da grande diversidade observável nas águas circundantes, o arquipélago é um importante local de nidificação, havendo registos de 7 espécies: gaivota-de-patas-amarela, gaivota-d’asa escura, gaivota-tridáctila, corvo-marinho-de-crista, cagarra, airo e roquinho.

No arquipélago das Berlengas são reconhecidos diversos habitats importantes para a conservação da biodiversidade e constantes na Directiva Habitats (Directiva 92/43/CEE). Merecem especial distinção os recifes (1170), de origem rochosa, e as grutas marinhas submersas ou semi-submersas (8330), onde vivem comunidades bentónicas vegetais e animais e onde ocorrem comunidades não bentónicas associadas em apreciável estado de conservação. As falésias costeiras expostas aos fortes ventos marítimos assumem particular importância, possibilitando a existência de vegetação de fendas mais ou menos terrosas, própria de rochedos graníticos litorais (1230) representando um habitat que em Portugal apenas se encontra num outro local.

A importância das Berlengas enquanto ecossistema insular, o valor biológico da área marinha envolvente, o elevado interesse botânico, o seu papel enquanto habitat de nidificação e local de passagem migratória de avifauna marinha e a presença de interessante património arqueológico subaquático contribuíram para que em Setembro de 1981 o arquipélago fosse classificado como Reserva Natural. O valor e importância desta área para a conservação da biodiversidade a nível europeu foram posteriormente reconhecidos ao ser classificada como Zona de Protecção Especial para Aves Selvagens (Directiva n.º 79/409/CEE) e integrada na Rede Natura 2000. Em 2009, o Município de Peniche submeteu junto da UNESCO a candidatura das Berlengas a Reserva da Biosfera.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Óbidos na boca do mundo. A razão? O chocolate.


Decorrerá até ao próximo dia 14 o Festival Internacional de Chocolate. O investimento local é de 300 mil euros. São esperados 200 mil visitantes.

Está farto da chuva, sente-se deprimido, em baixo de forma e a precisar de calorias, então porque não um pouco de chocolate. Sim chocolate. É um aliado do coração, recupera a forma física e mental e sobretudo faz disparar a molécula da felicidade e do prazer, se acreditarmos em alguns cientistas. E apesar da crise este é um sonho que não é difícil tornar realidade. Se estiver em Lisboa, a felicidade está apenas uma hora e meia, se for de carro, e do Porto são só duas horas. Esta é a distância do mais doce evento do Pais.

Começa hoje a 8ª edição do Festival Internacional do Chocolate e estará patente na histórica cidade de Óbidos até ao próximo dia 14. E à semelhança das edições passadas são esperados 200 mil visitantes. Um investimento de 300 mil euros que este ano conta com "muitas novidades", como refere José Parreira, administrador da Óbidos Patrimonium, que aposta no ‘Cake Design' e conta o patrocínio de uma marca conhecida do mundo do ‘gourmet' e da restauração - a francesa Valrhona.

"Estamos a patrocinar este evento porque queremos apresentar os nossos produtos ao consumidor português", diz Patrick Mignot, responsável da entidade em Portugal. Sobre o valor deste patrocínio, "não o podemos revelar mas adianto que não se trata de dinheiro, mas sim de cultura", garante Gérard Hugon, presidente-executivo da marca de chocolates Valrhona.

Mafalda de Avelar / DE

quarta-feira, 3 de março de 2010

Os Jogos Santa Casa e a 3ª viagem de circum-navegação do navio-escola Sagres



Os Jogos Santa Casa (JSC) apoiam a 3ª viagem de circum-navegação do navio-escola Sagres, que teve início a 19 de Janeiro e se concluirá onze meses depois, a 23 de Dezembro de 2010. Nesta viagem de 339 dias pelo mundo, o Sagres, verdadeira embaixada do país, vai dobrar no final de Março o emblemático Cabo Horn, abaixo do Estreito de Magalhães, participará nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades a 10 de Junho, em San Diego, cidade onde reside uma importante comunidade portuguesa, e vai ancorar em Xangai no decurso da Exposição Internacional, entre tantos e tantos outros portos e acontecimentos. Estamos perante uma viagem em que a coragem, a perícia portuguesa e a sorte nos desafiam. É a partilha destes valores comuns que leva os JSC a associar-se à viagem de circum-navegação do Sagres e a tudo o que esta representa e simboliza. Com efeito, não é simplesmente possível falar do Sagres sem evocar o nosso passado ímpar, a gesta dos Descobrimentos quinhentistas, aliás contemporâneos da fundação da própria Misericórdia de Lisboa, em 1498, pela rainha D. Leonor.

Para assinalar esta iniciativa, os Jogos Santa Casa promoveram o lançamento de uma campanha de comunicação específica cujo conceito procura, assim, projectar o nosso passado colectivo no futuro e que, para tal, faz uso de um antigo dizer: Audaces Fortuna Iuvat “A Sorte protege os Audazes” é o claim desta nova campanha de marca, que teve início no dia 12 de Janeiro nos principais meios de comunicação – televisão, imprensa, outdoor e rádio. Contudo, o apoio dos JSC não se esgotará nesta campanha. Através das redes sociais – blogue, Facebook, Twitter, YouTube e Flickr – será possível acompanhar a par e passo a viagem do Sagres e os seus protagonistas.

Ao longo de todo o ano de 2010 e mantendo sempre presente o espírito desta acção integrada de comunicação, os JSC irão também realizar diversas campanhas e acções promocionais sobre a viagem, transversais ao Euromilhões, Joker e lotarias, com conceito adequado ao posicionamento de cada produto. Por último, o Joker será o tripulante dos JSC a bordo do Sagres, levando a sorte a todas as paragens. Ao longo desta viagem, e para os que ficam em terra, serão criados diversos passatempos e promoções on-line, cujo desafio passará por descobrir “Onde está o Joker?”.

Aposte nos Jogos Santa Casa e habilite-se a uma maravilhosa viagem a bordo do Navio Escola Sagres.

Lembre-se sempre: Jogos Santa Casa - Uma Boa Aposta.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Projecto Limpar Portugal.



Vivemos num país repleto de belas paisagens mas, infelizmente, todos os dias as vemos invadidas por lixo que aí é ilegalmente depositado.

Partindo do relato de um projecto desenvolvido na Estónia em 2008, um grupo de amigos decidiu colocar “Mãos à Obra” e propor “Vamos limpar a floresta portuguesa num só dia”. Em poucos dias estava em marcha um movimento cívico que conta já com dezenas de milhares de voluntários registados.

Neste momento já muitas pessoas acreditam que é possível. O objectivo é juntar o maior número de voluntários e parceiros, para que todos juntos possamos, no dia 20 de Março de 2010, fazer algo de essencial por nós, por Portugal, pelo planeta, e pelo futuro dos nossos filhos.

Muito ainda há a fazer, pelo que toda a ajuda é bem vinda!

Quem quiser ajudar como voluntário só tem que consultar o sítio do projecto na Internet, www.limparportugal.org, onde tem toda a informação de como o fazer.

O projecto Limpar Portugal também está aberto a parcerias com instituições e empresas, públicas e/ou privadas, que, através da cedência de meios (humanos e/ou materiais à excepção de dinheiro) estejam interessadas em dar o seu apoio ao movimento.

No dia 20 de Março de 2010, por um dia, vamos fazer parte da solução deixando de ser parte do problema.

“Limpar Portugal? Nós vamos fazê-lo! E tu? Vais ficar em casa?"

http://www.limparportugal.org/

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ETA em Óbidos


As autoridades portuguesas encontraram uma vivenda na localidade de Avarela, perto da A8, entre Óbidos e Caldas da Rainha, alegadamente abandonada por membros da ETA e onde foi encontrado "abundante material explosivo".

A informação foi garantida à agência espanhola EFE por fontes da luta antiterrorista em Madrid que explicaram que a descoberta da habitação partiu de uma denúncia da proprietária do imóvel, que contactou a polícia depois de os inquilinos terem desaparecido sem lhe pagar.

No local, junto a uma passagem de nível encerrada, a Polícia Judiciária (PJ) está a montar um perímetro de segurança, estando a fachada da casa envolta em plástico preto.

De acordo com a Lusa, além do material explosivo, foi encontrado ainda equipamento utilizado para o fabrico de bombas, como detonadores e outro material eléctrico.
Recorde-se que há algumas semanas, uma operação levada a cabo pelas autoridades portuguesas levou à captura em Portugal de dois alegados membros da ETA, em relação aos quais pendem actualmente pedidos de extradição das autoridades espanholas.
Também nessa altura, o governo do país vizinho admitiu a hipótese de a Organização Separatista Basca estar a criar uma base logística em Portugal.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O QUE É SER POBRE!


"Um pai, bem na vida, querendo que seu filho soubesse o que é ser pobre, levou-o a passar uns dias com uma família de camponeses.

O seu filho passou 3 dias e 3 noites vivendo no campo.

No carro, voltando para a cidade, o pai perguntou-lhe:
Como foi a tua experiência?

- Boa, responde o filho, com o olhar perdido à distância.

E o que aprendeste? Insistiu o pai.

O filho respondeu:

1 - Que nós temos um cão e eles têm quatro.
2 - Que nós temos uma piscina com água tratada, que chega até metade do nosso quintal. Eles têm um rio sem fim, de água cristalina, onde tem peixinhos e outras belezas.
3 - Que nós importamos lustres do Oriente para iluminar o nosso jardim, enquanto eles tem as estrelas e a lua para iluminá-los.
4 - O nosso quintal chega até ao muro. O deles chega até ao horizonte.
5 - Nós compramos a nossa comida, eles cozinham.
6 - Nós ouvimos CDs... Eles ouvem uma perpétua sinfonia de pássaros, periquitos, sapos, grilos e outros animaizinhos...tudo isto às vezes acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha a sua terra.
7 - Nós usamos microondas. Tudo o que eles comem tem o glorioso sabor do fogão a lenha.
8 - Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes... - Eles vivem com as suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos.
9 - Nós vivemos presos ao telemóvel, ao computador e à televisão. Eles estão agarrados à vida, ao céu, ao sol, à água, ao verde do campo, aos animais, às suas sombras e à sua família.

O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou:

Obrigado, pai, por me teres ensinado o quanto somos pobres!

Cada dia estamos mais pobres de espírito e de observação da natureza. Preocupamo-nos em TER, TER, TER, E CADA VEZ MAIS TER, em vez de nos preocuparmos em SER."

Para reflectir não acham?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Unidade Habitacional da Amoreira.



Foi inaugurada oficialmente, no passado dia 16, a Unidade Habitacional da Amoreira.
Esta Unidade Habitacional veio proporcionar condições de habitabilidade adequadas para 17 pessoas, com idades compreendidas dos 2 aos 72 anos, de seis agregados familiares.
A Unidade Habitacional é assim constituída por 6 realojamentos: dois T0, dois T2 e dois T3, divididos em 2 edifícios.
As habitações das famílias realojadas estavam numa situação de carência habitacional, com edificações com graves deficiências de solidez, segurança e/ou salubridade, manifesta exiguidade da área habitável e necessidade de realojamento devido a situação de calamidade pública (cheias de Novembro de 2006).
As 6 habitações foram construídas tendo em atenção o nível das áreas, bem como a distribuição dos compartimentos interiores e das necessidades daqueles com mobilidade física condicionada.


No edifício 1, o antigo Centro de Saúde, encontra-se um T2 e dois T3. No edifício 2, o antigo Jardim-de-Infância, encontra-se dois T0 e um T2. Ambos os edifícios compartilham um espaço comum exterior, pelo qual se acede às habitações do edifício 2,mas também de um espaço verde.

O presidente do IHRU, (Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana) Nuno Vasconcelos, esteve presente na cerimónia de inauguração e disse que este é um exemplo a seguir pelo país. O responsável destacou o facto dos técnicos conhecerem bem as pessoas carenciadas e as suas necessidades e a preocupação destas serem inseridas no meio da localidade. "Infelizmente constatamos, muitas vezes, que querem é afastá-las o mais possível do centro da cidade", disse, criticando a falta de integração que depois se registam nessas situações.

Nuno Vasconcelos enalteceu também a aposta que foi feita na reabilitação do património. Na sua opinião, a solução passa mesmo por aí, tanto mais que existem cerca de 200 mil casas a cair em Portugal e "é importante que se preservem pois são a memória do país".

A preocupação energética também não passou despercebida ao presidente do IHRU, que considera que esta preocupação não é muito usual nos autarcas.

Nuno Vasconcelos homenageou o concelho pela sua "política muito correcta" ao nível da sustentabilidade ambiental e deixou a garantia de apoio por parte do instituto a que preside. "Aos bons projectos nunca faltará financiamento", salientou.

A obra da Amoreira custou 220,8 mil euros e foi comparticipada pelo IHRU em 101,4 mil euros. Está prevista a construção de mais duas unidades habitacionais para alojar mais 26 famílias, uma na A-da-Gorda e outra no Bairro dos Arcos, junto ao centro de saúde e jardim-de-infância de Óbidos. Em A-da-Gorda os projectos de especialidade estão quase prontos e o concurso para a obra deverá ser aberto em breve, enquanto que o projecto do Bairro dos Arcos tem a arquitectura feita e algumas das especialidades.

O presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, defende que a integração social passa pela construção de habitações sociais no centro das localidades. "Os 32 fogos podiam ser todos feitos num terreno da Câmara, mas nós queremos fazer um controle, acompanhamento e apoio de pequena escala", disse. O autarca diz que "é possível apoiar agregados carenciados sem criar guetos e é possível fazer as coisas com dignidade para que as pessoas se sintam valorizadas e não estigmatizadas".

Os moradores pagam uma renda, que é variável consoante as suas posses, e o autarca deixou-lhes um apelo para que as estimem, garantindo assim a qualidade da habitação.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Festa do Santo Antão de Óbidos.




No âmbito das celebrações do Feriado Municipal, decorre, no próximo dia 17 de Janeiro, a tradicional Festa do Santo Antão de Óbidos. Uma festa que mistura a componente religiosa com uma outra profana, onde, todos os anos, junta milhares de pessoas.

Trata-se de uma romaria à ermida de Santo Antão, o Santo que protege os animais, no cimo de um cabeço com o mesmo nome, com cerca de 80 metros de altura.

Numa região onde a agropecuária assume um papel importante, esta romaria adquire grande importância.

No caso de doença, ou de desejo de uma boa ninhada, não há nada como fazer uma promessa a Santo Antão para que tudo corra bem, mas se houver problema com outro animal, não faz mal, nem é de hesitar, Santo Antão a todos acode. Esta é a filosofia base destas cerimónias.

Durante este dia são feitas promessas com vista à recuperação de um animal doente, ou pedidos de boas ninhadas. Estas promessas são pagas na casa de esmola ou na sacristia, recebendo em troca uma vela enrolada numa fita de nastro cor-de-rosa previamente benzida. Alguns dos ex-votos são queimados conjuntamente com as velas no tabuleiro. Contudo, a sua grande maioria é depositada aos pés da imagem do Santo.

Quem não pode ir pagar a promessa, pede a alguém que o faça por si. A entrega de vela e da fita são prova que a promessa foi paga. O costume de pagar as promessas em géneros têm-se vindo a perder ao longo dos anos.

A estes rituais religiosos junta-se a componente profana. No mesmo local, vendedores de pinhões, laranjas, chouriços, cavacas e outros produtos tradicionais dão origem a uma feira. Os romeiros fazem fogueiras onde assam os chouriços que são depois acompanhados por bom vinho.

À animação, junta-se a música dos acordeões trazidos de casa, prolongando-se a festa até ao pôr-do-sol.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Luta antifascista - A fuga de Peniche.


“A fuga de Peniche, foi uma das mais espectaculares evasões de toda a história do fascismo. Quer por se tratar de um numeroso grupo de dirigentes e quadros do PCP – Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Jaime Serra, Carlos Costa, Francisco Miguel, Pedro Soares, Rogério de Carvalho, Guilherme Carvalho, José Carlos, Francisco Martins Rodrigues – quer porque se tratou de uma fuga a partir de um dos mais seguros cárceres fascistas."

Evasões de presos políticos durante o regime salazarista, houve-as desde a criação, em 1933 da polícia política – PVDE -, e até 1961, quando, na sequência das ousadas fugas colectivas de Peniche e de Caxias, a PIDE e os Serviços Prisionais colocaram “trancas à porta”. Antes de 1945, fugiram do forte de Peniche, situado junto ao mar, Francisco Horta Catarino e José dos Santos Rocha, em 2 de Maio de 1936, bem como Álvaro Marques Saraiva e António Branco, em 19 de Julho de 1938. Após a criação da PIDE, as fugas de Peniche tornaram-se mais difíceis. Mesmo assim, conseguira escapar desse forte Joaquim Pinto Portela, em 1946, e, na noite de 2 para 3 de Novembro de 1950, dois funcionários do PCP, Jaime Serra e Francisco Miguel Duarte, embora o segundo tivesse sido recapturado. Três anos depois, foi a vez de se evadir, na madrugada de 19 de Dezembro de 1954, o dirigente comunista António Dias Lourenço. Tratou-se de uma fuga muito arrojada, pois envolveu serrar uma abertura na almofada inferior da porta da cela de «segredo» onde ele estava encarcerado, de castigado, descer os vinte metros até ao mar, através de uma corda a partir de três mantas e nadar até terra.

Foi porém a fuga colectiva de Peniche, que ocorreu há 50 anos, em 3 de Janeiro de 1960, que foi a mais importante, audaciosa e bem sucedida evasão. Com a fuga colectiva de Caxias, ocorrida no ano seguinte, com outros 8 elementos do PCP, a de Peniche ficou na memória e na história do PCP, mas também da oposição ao regime, como uma estrondosa vitória desse partido contra o governo ditatorial e a PIDE, em particular. Conseguiram então escapar da fortaleza os dirigente do PCP Jaime Serra, Pedro Soares, Rogério de Carvalho, Álvaro Cunhal, Guilherme da Costa Carvalho, José Carlos, Carlos Costa, Rogério de Carvalho Joaquim Gomes dos Santos, Francisco Martins Rodrigues, bem como José Augusto Jorge Alves, um soldado da GNR de serviço em Peniche, que facilitou a fuga.

Jaime Serra relatou como decorreu a evasão. Contou que as condições de segurança do forte de Peniche tinham sido então reforçadas e que os «presos considerados “mais perigosos” haviam sido concentrados no terceiro piso, a sua maioria em celas individuais de alta segurança». Era ali que se encontrava Álvaro Cunhal e os três novos “hóspedes” acabados de chegar em Janeiro de 1959, Joaquim Gomes, Pedro Soares e o próprio Jaime Serra. Passado o chamado “período de observação”, começaram a ter recreio em comum e formaram, com outros, «um organismo restrito com a incumbência exclusiva de estudar sistematicamente todas as hipóteses de fuga». Numa «dada altura, por meados de 1959, o camarada Joaquim Gomes conseguiu meter conversa através das grades da janela da sua cela, com o GNR que viria a ser a chave mestra da fuga, o soldado Jorge Alves», concluindo que este era «uma pessoa revoltada».
Por outro lado - acrescentou Serra -, em «virtude de um comportamento calculado, na relação com os carcereiros», os presos haviam «conquistado nesse período uma série de “regalias”», que aumentaram as possibilidades de contacto entre os presos. Dessa forma, nos «últimos meses de 1959, o plano de fuga avançou rapidamente na sua concretização graças ao trabalho desenvolvido no exterior pelo Secretariado do Comité Central, constituído então pelos camaradas Octávio Pato, Joaquim Pires Jorge e António Dias Lourenço». Leia-se a descrição de Serra da fase seguinte da fuga:
«A segunda fase da operação desenrolou-se no exterior do bloco prisional, sob a responsabilidade do guarda Jorge Alves.
Como estava previsto, juntamente com o camarada Álvaro Cunhal, constituímos o primeiro grupo a percorrer, sob a capa do guarda Jorge Alves, a distância que nos separava de uma horta existente num terreno subjacente à muralha da Fortaleza por onde íamos descer.
Tendo alcançado o torreão da fortaleza, tratámos de amarrar solidamente a uma fresta desse torreão uma ponta da “corda” de tiras de lençol por onde descemos. A partir daí tudo foi fácil. Saltámos o último obstáculo, o muro exterior do fosso, e encontrámo-nos de imediato a atravessar o “largo do jogo da bola” misturados com muitos populares que vinham de assistir ao jogo de futebol, discutindo em voz alta o seu resultado. Chegámos assim ao local de encontro previamente marcado, onde nos esperava um camarada conhecido, ao volante do seu carro. Ali aguardámos a chegada dos outros camaradas fugitivos que, segundo o combinado, deveriam participar connosco na retirada, entre eles o Joaquim Gomes e o guarda Jorge Alves» (Jaime Serra, Eles Têm o Direito de Saber, Ed. Avante! 1997).

A fuga do forte de Peniche foi profundamente analisada, nos escalões mais altos do PCP, num trabalho de crítica e procura das «razões do êxito» e das «deficiências verificadas». Da discussão resultou um documento da Comissão Política do CC desse partido, de Maio de 1960, onde eram consideradas seis «razões» para o «êxito»: a cuidadosa e demorada preparação e organização; a coordenação da actividade no interior e exterior; a concentração de preocupações, recursos e quadros; a preparação no interior, na base da centralização da responsabilidade num organismo restrito, harmonizada com a prática de trabalho colectivo e de discussão democrática; coragem, serenidade e disciplina e os sentimentos antifascistas do povo português. Quanto às deficiências, foram apontadas três, verificadas no interior da cadeia, e seis, que ocorreram no exterior. Entre estas, contaram-se a perda de documentação, antes da fuga, cuja apreensão pela PIDE poderia ter inutilizado todos os esforços; falta do aviso combinado fixando a data; marcação de um sítio em lugar diferente do combinado e execução de outro sítio também em lugar diferente do combinado e desconhecimento do trajecto e insuficiente estudo dos troços, que provocaram demoras na retirada (Arquivo do Tribunal da Boa Hora no ANTT, proc. 92/62, Octávio Paro e Albina Fernandes, caixa 703, 2.º juízo, volume 20, fl. 1071, «A fuga do forte Peniche»).

José Dias Coelho, funcionário do PCP que viria a ser assassinado pela PIDE, no ano seguinte, afirmou que, «depois da fuga, o capitão Neves Graça foi demitido do cargo de director da PIDE, e substituído pelo tenente-coronel Homero de Matos», dando a entender que a demissão foi consequência directa da evasão. É um facto que o período de 1959/1960, foi marcado por «dois factos sensacionais», que, segundo Mário Soares vieram «destruir o “mito” de infalibilidade da PIDE, demonstrando tratar-se de uma organização fundamentalmente “burocrática”, um colosso com pés de barro, que só descobre, afinal, aquilo que os presos lhe dizem, mediante “confissões», as mais das vezes arrancadas por violência. Os dois factos foram as fugas do capitão Henrique Galvão, do hospital de Santa Maria, e dos dez dirigentes do PCP, do Forte de Peniche, «dois golpes» com os quais «o prestígio da PIDE ficou singularmente abalado», tendo sido «indescritível a alegria que qualquer deles provocou no comum da população, mesmo entre a gente não politizada». Depois, «duas outras fugas haviam de comprovar este acerto»: a «proeza invulgar de um grupo de dirigentes do partido comunista, que conseguiu fugir do Forte de Caxias, prisão privativa da PIDE ultra-controlada, aproveitando um carro blindado de Salazar - facto que ocorreu em Dezembro de 1961; e, em 1969, a fuga da prisão da PIDE, do Porto, do dirigente revolucionário do LUAR, Hermínio da Palma Inácio (Mário Soares, Portugal Amordaçado, Arcádia, 1974).