quinta-feira, 28 de março de 2013

O homem está em grande forma!



Notoriamente, os dois jornalistas destacados para entrevistar José Sócrates estavam impreparados, ou não tomaram em consideração a aptidão dialéctica do ex-primeiro-ministro, ou, pior, não estavam ali para esclarecer, sim, acaso, para baralhar e entrar em chicana, colocando-se como protagonistas, quando deviam ser mediadores. Chegou a ser pungente a evidência com que o entrevistado repôs a natureza dos factos, perante a turva propriedade das enunciações. O esclarecimento das manobras e das conspiratas com origem em Belém, e as inclinações ideológicas do dr. Cavaco, que põem em causa a sua tão apregoada "independência", foram pontos fulcrais da entrevista. Ficou-se a saber o que se suspeitava: o manobrismo unilateral de quem começa a ser cúmplice consciente do desastre para que nos encaminham. Um a um, ponto a ponto, Sócrates rebateu as alegações de "desincorporação" que ambos os jornalistas se aplicavam em expor, recorrendo às instâncias que estabeleciam as relações marcantes na época. Aí, a sua intervenção foi arrasadora. Claro que Sócrates e o seu governo não podem ser responsáveis de todas as malfeitorias, apesar das estruturas de contra-informação utilizadas, da negligência propositada de alguma comunicação social, e que ele denunciou com denodo. A entrevista foi extremamente interessante porque o reconhecido talento de José Sócrates voltou a impor-se em grande estilo. Ficámos esclarecidos? Não; porque os entrevistadores, além das deficiências apontadas, foram intimidados pelo "animal feroz". O homem está em grande forma.

BAPTISTA-BASTOS - DN

segunda-feira, 11 de março de 2013

O que devemos aos reformados.


É provável que o Tribunal Constitucional decrete a inconstitucionalidade da sobretaxa de 3,5% aos reformados, tratados por este governo como cidadãos de segunda – provavelmente fazendo parte desse contingente de “instalados” que trava a ascensão dos jovens de que recentemente falava Miguel Relvas. Se é impossível negar a existência da inversão da pirâmide demográfica (e uma reforma da Segurança Social deveria sempre discutir a existência de tectos máximos, rejeitando reclamações patéticas do estilo do movimentos dos banqueiros reformados e etc.), obrigar um pensionista com mais de 1350 euros mensais a pagar a crise com uma sobretaxa é um atentado social e institui, de facto, uma desigualdade geracional. Tratar os reformados como cidadãos de segunda é tentar fazer recair sobre uma geração que nasceu numa ditadura, que não teve qualquer acesso ao Estado social até à idade adulta, que em alguns casos viveu o racionamento da Segunda Guerra, penou na guerra colonial e teve os seus direitos civis amputados até ao 25 de Abril de 1974, uma “culpa” de se ter transformado, na meia- -idade, sabe Deus como, numa geração de “privilegiados”.
Não dispondo de qualquer hipótese de criar emprego – é a própria receita recessiva da troika e as políticas europeias que o impedem – o governo entretém-se na propaganda infeliz de colocar as gerações umas contra as outras, como se a situação fosse definível pela existência de “culpados” e “vítimas”. A utilização política do gap geracional é tanto mais obscena quanto a geração dos reformados fez o que lhe foi possível para entregar às novas gerações um país muito melhor do que aquele que existia quando começou a trabalhar e a pagar impostos. Se o Tribunal Constitucional declarar impossível à luz da Constituição portuguesa a divisão entre velhos e novos presta um bom serviço à coesão nacional.
Afinal, não foi a esmagadora maioria dos agora atingidos que criou os regimes excepcionais de reformados de cargos públicos – que na sua origem foram criados para evitar que um titular de cargo público passasse à situação de desemprego quando o mandato expirasse, mas serviu de pasto para um sistema insustentável moral e financeiramente. A participação maciça de pessoas mais velhas na manifestação “Que se lixe a troika” é um sintoma expressivo de que o combate ao governo tem nos reformados um dos seus principais suportes. Afinal, o governo também se encarrega de os combater.
Ana Sá Lopes - Ionline.

domingo, 10 de março de 2013

Prémio de 51,6 milhões do Euromilhões foi registado na Póvoa de Varzim.



Há mais um "excêntrico" em Portugal. O primeiro prémio do Euromilhões, no valor de mais de 51,6 milhões de euros, foi registado no Café Aroma Vivo, no Largo das Dores, Póvoa de Varzim. Luciana Ribeiro não sabe quem foi o totalista, mas, na montra, havia já um letreiro: "Saiu aqui o 1.o Prémio do Euromilhões".
"Estamos numa zona de passagem. Vem aqui muita gente que nem sequer é da Póvoa. Estamos próximos do tribunal e em frente ao hospital. É impossível saber quem foi", explica a proprietária. Ao final da tarde deste sábado, o totalista não se tinha ainda "denunciado".
No pequeno café, Luciana Ribeiro faz centenas de registos por semana de Euromilhões, Totobola e Totoloto. Por questões de proteção de dados, não há nomes, moradas ou telefones. Por isso, só se o novo euromilionário disser é que se ficará a saber a quem saiu o prémio e, "muitas vezes, as pessoas até nem ligam logo aos números". "Se calhar amanhã [hoje], quando lerem os jornais, é que se vão dar conta." Luciana soube, logo de manhã, que o boletim foi lá registado.
"Ligaram-me da Santa Casa a dizer e a dar instruções sobre o que fazer caso o totalista cá viesse", conta a proprietária do "Aroma Vivo", acrescentando que o totalista deverá dirigir-se diretamente ao departamento de Jogos da Santa Casa, a fim de reclamar o prémio.
No "Aroma Vivo", em quatro anos sob a gestão de Luciana Ribeiro e do companheiro, Sérgio Regado, nunca ali saiu nenhum prémio do Euromilhões, embora já tenham saído pequenos e médios totolotos, totobolas e raspadinhas, mas nunca acima de cinco mil euros.
Ontem o Euromilhões dominava as conversas. O corrupio de jornalistas e as "sessões" de fotografias faziam sorrir quem passava, curiosos sobre o vencedor.
Na zona, o último primeiro prémio do Euromilhões havia saído em 2007, em Bagunte (Vila do Conde), a um casal. Rendeu 15 milhões e foi "escolhida à sorte" pelo filho de três anos. Desta vez, a chave (3, 20, 23, 28, 42 e estrelas 8 e 11) resultou num único primeiro prémio.

JN

sábado, 9 de março de 2013

FISCO GANHA QUASE 10,5 MILHÕES NO EUROMILHÕES.

O Euromilhões deu, esta sexta-feira, quase 10,5 milhões de euros ao Fisco. É quanto vale o novo imposto, de 20%, sobre os prémios dos jogos sociais, aprovado no Orçamento de Estado para 2013. Vencedor do jackpot, deixa mais de 10 milhões ao Estado.

Um primeiro prémio, no valor de mais de 51,6 milhões euros, um segundo, superior a 580 mil euros, e cinco quartos prémios de quase seis mil euros cada, vão render ao Fisco quase 10,5 milhões de euros em impostos sobre os prémios que o Euromilhões deixou em Portugal este sábado.

O Orçamento de Estado para 2013 introduziu a possibilidade de o Fisco taxar o sonho de milhões de portugueses.

O único totalista do Euromilhões de sexta-feira, um prémio de 51689985 euros, quase 52 milhões de euros, vai receber pouco mais de 41 milhões (41351998 euros). Com a taxa de 20% em Imposto de Selo aplicada aos prémios superiores a cinco mil euros, o totalista do jackpot deste sábado deixa 10,34 milhões de euros nos cofres do Estado.

O vencedor de um segundo prémio, cujo valor era de pouco mais de 580 mil euros, vai deixar 116 mil euros ao Fisco, levando para casa cerca de 465 mil euros.

A proporção que o Fisco leva dos prémios com o Imposto de Selo, um quinto, é bem patente na análise ao quatro prémio, que saiu em sorte a cinco totalistas. O estado fica com 5921,87 euros, o equivalente a um quarto prémio. Cada apostador fica com um prémio líquido de 4736,63 euros, deixando 1185 euros ao Orçamento de Estado.

Tudo somado, o Fisco ganhou, sexta-feira, um "jackpot" de cerca de 10,46 milhões de euros, correspondente a 20%, ou uma quinta parte, do total de 52299937,64 euros que a sorte do Euromilhões destinou a apostadores portugueses.

Os apostadores dos jogos sociais da Santa Casa, entre os quais está o Euromilhões, pagam, ainda, 4,5% de Imposto de Selo aplicado ao preço da aposta no momento em que é registada. Até ao final de 2012, esse era o único imposto pago, e à cabeça. O início de 2013 trouxe o "desconto" de 20% ao total do prémio, quando este é superior a cinco mil euros.

A medida abrange, para além do Euromilhões, os prémios na Lotaria Nacional, Lotaria Instantânea, Totobola, Totogolo, Totoloto e Joker.

Santa Casa dá 400 mil à ciência.



A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai apostar na investigação na área das neurociências. O anúncio foi feito ontem pelo provedor Pedro Santana Lopes. São duas bolsas distintas, cada uma no valor de 200 mil euros, num total de 400 mil, que serão atribuídas anualmente. Uma das linhas de apoio visa o tratamento e cura de doenças degenerativas associadas ao envelhecimento como Parkinson e Alzheimer.
A outra destina- -se a financiar projetos inovadores no campo das lesões na coluna vertebral . As verbas são oriundas dos prémios não reclamados nos jogos tutelados pela Santa Casa.

"São bolsas de esperança. Mais do que premiar trabalhos já feitos, são bolsas para apoiar trabalhos de investigação que possam contribuir para a descoberta de uma cura ou para minorar as tragédias que se abatem sobre essas pessoas",sublinhou Pedro Santana Lopes ao CM". 

A iniciativa conta com o apoio das Universidades de Lisboa, Porto e do Centro de Neurociências de Coimbra. O valor de cada bolsa será distribuído, de forma faseada, ao longo de três anos. 
CM