terça-feira, 4 de maio de 2010

Estão todos bem uns para os outros


Alguns amigos e conhecidos, conhecedores das minhas preferências clubísticas, perguntaram-me ontem se eu estava triste. A todos respondi com um sorriso. E com a mesma garantia: “Não deixo que o futebol seja a parte mais importante da minha vida”. É a verdade. Na hora da derrota e na hora da vitória. Tenho, feliz e infelizmente, coisas mais importantes que me preocupam, que me fazem sorrir, que me fazem chorar. Felizmente, para mim, a minha vida é muito mais do que a bola e o meu clube.
Tenho, portanto, pena, muita pena, de todos quantos fazem do futebol o único motivo de vida. Tenho, portanto, pena dos energúmenos que lançam pedras a autocarros (sejam eles do FC Porto, do Benfica ou do Sporting). Tenho pena dos selvagens que atiram pedras para camarotes onde estão crianças. Tenho pena dos tristes que não têm mais nada para fazer do que lançar o ódio e a ameaça. Tenho pena dos que, mesmo finda a partida, incitam à violência física e psicológica. Tenho pena de quem insiste em continuar o jogo absurdo depois de o jogo ter acabado. Tenho pena dos dirigentes que se prestam ao triste papel de virgens ofendidas quando não têm moral para tanto. Tenho pena de quem responde às virgens ofendidas mesmo tendo telhados de vidro. São todos farinha do mesmo saco…

Nuno Azinheira - 24 Horas.

sábado, 1 de maio de 2010

A ginja de Óbidos.



Nesta época do ano, o Sobral da Lagoa veste-se de branco. Nas encostas da mais pequena freguesia do concelho de Óbidos, com largas vistas para o castelo e Lagoa, terrenos virados a poente descem em suaves declives, numa paleta de brancos impossíveis de reproduzir, a marcar a época da floração das ginjeiras.

É destes terrenos férteis, numa aldeia fortemente ligada à produção agrícola, que saem as ginjas, fruto que eternizou a apreciada ginja de Óbidos.

Árvore de crescimento espontâneo, as ginjeiras dividem propriedades, servem de protecção das searas ao vento e fixam socalcos entre vizinhos. Há muito, fonte de rendimento extra para os pequenos produtores agrícolas, só na última década, se iniciaram as primeiras experiências para “domesticar” uma árvore/arbusto, com a plantação dos primeiros pomares.

Beneficiando de um micro clima com características muito próprias – ventos predominantes do norte, névoas empurradas pelo Atlântico que sobem as encostas vindas da Lagoa e excelente exposição solar –, dá origem ao fruto que, depois de preparado e tratado, chega aos apreciadores no seu estágio primário, 100% natural.

A abundância do fruto terá inspirado os vários conventos da região, por altura do século XVII, a produzir o licor, tendo a receita passado os muros do silêncio com o advento do liberalismo, para ser produzido de forma caseira com uma disputa salutar entre famílias na apresentação da melhor ginja.

Presentemente temos duas empresas em grande expansão no concelho: A Frutóbidos, de Marina Brás, na Amoreira e a OPPIDUM de Dário Pimpão, no Sobral da Lagoa.

Licor de Ginja de Óbidos “Vila das Rainhas” - Sabor com muito Saber

Provar um dos deliciosos Licores de Ginja de Óbidos da Frutóbidos, carinhosamente chamados de “Ginjinha” por muitos dos seus apreciadores, constitui um prazer e o perpetuar de uma tradição cujas raízes se perdem na História.

Ao longo dos tempos, o Licor de Ginja de Óbidos tem sido motivo de convívio, alegria e inspiração para muitos apreciadores, que encontraram na Ginjinha, e no seu paladar e aroma inconfundíveis, uma companhia perfeita para momentos de diversão rodeados de amigos ou momentos de relaxe no aconchego do lar.

Em Óbidos, por exemplo, é quase obrigatório beber uma ginjinha com os amigos quando se frequenta um dos muitos bares da histórica vila, fornecidos pela Frutóbidos.

Como empresa pioneira na produção deste Licor, a Frutóbidos orgulha-se de o convidar a conhecer um pouco mais sobre a ginja, cuja história está cheia de curiosidades e peripécias e sobre o processo de produção do Licor. E, claro, conhecer os produtos comercializados pela Frutóbidos, o tradicional Licor de Ginja de Óbidos “Vila das Rainhas”, em honra às muitas rainhas que passaram pela Vila de Óbidos durante a sua história, e o novo Licor de Ginja e Chocolate “Musa”, que promete momentos de pura inspiração.
Divirta-se e aprecie. Com ou sem elas.


Receita da Ginja de Óbidos “OPPIDUM”

Colocam-se dentro de um castelo rodeado de muralhas, os seguintes ingredientes: 11 igrejas; um número significativo de casas caiadas de branco com as barras de várias cores; umas quantas chaminés mouriscas; 2 dúzias de ruas empedradas; 1/2 dúzia de largos e um pelourinho. Mexendo-se continuamente, vai-se polvilhando com flores. Após criar uma certa consistência, adiciona-se um conjunto de tradições q.b. e uns quantos actos históricos a gosto. Agita-se finalmente muito bem e deixa-se repousar durante 8 séculos.

Natural do Sobral da Lagoa, Dário Pimpão nasceu no seio de uma família ligada às lides da terra e num ambiente em que as ginjeiras e o seu fruto, as ginjas desde sempre fizeram parte do seu quotidiano.
Autodidacta na arte de produzir ginja, as primeiras influências chegaram através do avô, figura reconhecida na terra que negociava a ginja (fruto) a qual era vendida a licoristas.

Dário Pimpão, assume-se acima de tudo como mestre licorista, com grande paixão pelo seu trabalho o qual exige inspiração constante para manter os níveis de qualidade a que habituou os seus clientes. O licor da Ginja com Chocolate foi a sua última criação.