segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mensagem de boas festas!



Estamos prestes a celebrar mais um Natal, Festa da Família e data propícia à manifestação de sentimentos de solidariedade e apelos à concórdia entre as pessoas e entre os povos.

Neste contexto, não é demais salientar a função da família que se reafirma como núcleo fundamental da nossa sociedade.
Porém, é nos tempos mais difíceis que os laços afectivos e de solidariedade se tornam imprescindíveis para atenuar situações graves de carência económica e social.
O sentimento de Natal obriga-nos a reflectir sobre as graves desigualdades que marcam a nossa sociedade. Nestes tempos de austeridade, em que os níveis de pobreza não param de aumentar, não podemos esquecer os que não têm meios para usufruir de uma vida digna, alguns não auferindo sequer os mínimos que assegurem a sua sobrevivência. Não podemos deixar de nos orientar por um objectivo de maior justiça social e de lutar para uma maior equidade na redistribuição da riqueza.
Convém, mais uma vez considerarmos quanto é fundamental, a nível da formação e da educação ao longo da vida, um reforço dos valores civilizacionais de desenvolvimento pessoal e social que estão na base de uma sociedade mais humanizada.
A situação económica do nosso país é muito grave e os políticos, aos vários níveis, não devem esquecer que a sua função é tomar decisões e lutar para assegurar um desenvolvimento sustentado às pessoas e aos seus territórios. E isto ainda se torna mais importante quando se trata de uma relação de grande proximidade, como acontece no poder local.
Dadas as dificuldades que nos aguardam no próximo ano de 2014, cabe a todos e a cada um, contribuir com o seu trabalho e determinação para construir um futuro próximo com mais esperança no desenvolvimento económico e social. Neste final de ano, cabe-nos sublinhar a intenção de continuar a ter sempre presente o desenvolvimento da Amoreira. As nossas propostas para o ano de 2014 são prova disso!
Os eleitos do Partido Socialista na Assembleia de Freguesia desejam, em particular a todos membros desta Assembleia e do Executivo da Freguesia e, em geral, a todas as famílias amoreirenses um Feliz Natal 2013 e um Bom Ano de 2014. Boas Festas

Plataforma Amoreira Um Novo Rumo



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

África do Sul. O prisioneiro 46 664 livre para entrar na eternidade!


Zuma fez o anúncio na televisão estatal, deixando um apelo à unidade dos sul-africanos na despedida a Nélson Mandela

Nelson Mandela morreu pacificamente às 20h50, menos duas horas em Lisboa, na sua casa em Joanesburgo, África do Sul. Mandela tinha 95 anos, completados a 18 Julho, na sua casa, para onde foi levado em Setembro, após quase três meses de internamento hospitalar em Pretória devido a uma grave infecção pulmonar.  O antigo prisioneiro número 46 664 da ilha prisão de Roben Island agonizou corajosamente durante meses no seu leito de morte, antes de ficar finalmente livre para entrar na eternidade. O anúncio da morte de Mandela foi feito pelo presidente sul-africano Jacob Zuma, vestido com uma camisa preta, num depoimento para a televisão estatal: “A nossa nação perdeu o seu filho mais importante”. 

Zuma dirigiu-se aos sul-africanos referindo que “Mandela uniu-nos e é unidos que nos devemos despedir dele”. Apesar deste apelo à unidade, o internamento de Mandela esteve envolto num circo mediático montado junto ao hospital onde o ex-chefe de Estado esteve internado em Pretória e a presença oportunista de inúmeras personalidades políticas que rodeavam o paciente manteve-se quase até ao fim e passou mesmo para dentro da própria casa, com os herdeiros a digladiarem-se numa guerra suja pela partilha dos seus bens.
Mandela já não se terá apercebido desta luta travada pelos descendentes do seu primeiro casamento, filhas e netos, e destes contra a sua última mulher, Graça Machel, o foco principal do ódio e ressentimento dos herdeiros de Mandela.

Duas de três filhas de Mandela, no total teve seis filhos de três casamentos, Makaziwe e Zenani, intentaram uma acção judicial contra um grupo de advogados nomeados pelo pai para dirigirem duas empresas cujo objectivo é acumular dinheiro para os seus herdeiros. De forma intencional, Mandela decidiu não permitir que a família exercesse o controlo destas e de outras empresas patrimoniais. No entanto, duas irmãs,  apoiadas por outros membros da família, tentam por todos os meios, e contra os desejos expressos pelo pai, obter o controlo das referidas empresas. 

As filhas do Prémio Nobel da Paz e primeiro presidente negro da História sul-africana recorreram aos tribunais pedindo acesso a uma parte da sua fortuna pessoal. Madiba havia-lhes negado tal direito em 2008, quando despediu um advogado que alegadamente facilitava o acesso das suas contas às filhas, substituindo-o na condução da fundação com o seu nome por dois homens de confiança, o advogado George Bizos e Tokyo Sexwale, actual membro do governo.

Enquanto os herdeiros aguardavam avidamente o momento das partilhas, durante algum tempo houve discussões públicas sobre a decisão de desligar os aparelhos vitais que mantinham vivo o pai da pátria. Desde logo, o governo quis capitalizar o efeito político Mandela e sempre temeu distúrbios após o seu desaparecimento.
  
Muitos sul-africanos defenderam logo que Madiba foi internado que tinha chegado a hora da nação se preparar para o deixar partir em paz, enquanto alguns membros da sua família eram fortemente criticados por se preocuparem exclusivamente com a partilha do seu património.  “As pessoas estão profundamente perturbadas com a mesquinhez de alguns dos seus familiares”, denunciou, em certa altura, a professora Sarah Nutall ao jornal Today. “Ao contrário de Martin Luther King e de Gandhi, ele não foi assassinado. Deveríamos ter-lhe dado a oportunidade de morrer em paz”, sublinhou. Os políticos do CongressoNacional Africano (ANC) no poder sempre temeram que Mandela desaparecesse antes das eleições de 2014, com receio de que isso pudesse ter algum impacto negativo no resultado eleitoral. Mandela congregava tudo e todos. Muitos dos seus familiares e líderes de variadas procedências viviam praticamente à sombra do seu legado. Talvez isso fosse resultado do verdadeiro passe de mágica que realizou quando, em 1994, juntou no novo hino nacional duas músicas estruturalmente antagónicas: o hino nacional da África do Sul do apartheid, The Call (O apelo) e o do ANC, Nkosi Sikelel Africa, (Deus Abençoe África) para criar uma nova harmonia musical e racial.

O país do arco-íris, um conceito inventado pelo arcebispo Desmond Tutu, ainda é hoje uma miragem, numa certa África do Sul mergulhada na violência e na corrupção, mas é um sonho de Mandela e, como todos os sonhos, é passível de se realizar, desde que os homens o queiram.
Hoje, o novo dia na África do Sul será de dor e tristeza profunda marcado pela certeza absoluta da incapacidade de se conseguir encontrar uma referência nacional com a grandeza humana de Mandela. Para os sul-africanos, e para o mundo, resta o privilégio de se ter podido conhecer um ser humano excepcional.
Graça Machel, viúva pela segunda vez de um presidente da República, deve ter-se sentido a pessoa mais infeliz do mundo, com a perseguição que as filhas e um dos netos de Mandela sempre lhe moveram, chegando mesmo a questionar a legitimidade do seu casamento.

Winnie e Graça Machel. Duas mulheres marcantes na vida de  Mandela.

Sob o título “A vigília de amor de Graça”, o semanário “City Press” de Joanesburgo destacou na primeira página, na sua peça principal, o amor e dedicação de Graça Machel ao ex-presidente Nelson Mandela, que ontem morreu. À semelhança de outros artigos, publicados na imprensa sul-africana durante a prolongada doença, a peça fala não só do amor incondicional que Graça Machel tem dedicado a Madiba,  mas também da dignidade pela qual a activista moçambicana tem pautado as suas acções desde que o marido ficou doente. Em contraste, a comunicação social, amigos e um número crescente de sul-africanos anónimos têm condenado em uníssono acções de membros da família de Mandela, que esgrimiram em tribunal argumentos sobre quem tem direito a ditar o local onde Madiba seria sepultado.

“A África do Sul tem para com Graça Machel uma tremenda dívida de gratidão pela alegria que ela deu à sua vida desde o seu casamento”, disse ao “City Press” o arcebispo Desmond Tutu. Nelson Mandela e Graça Machel casaram-se há 15 anos.
Ao contrário de Graça, mas reverenciada por milhões de pessoas nas cidades negras pobres e chamada de “Mãe  da Nação”, Winnie foi uma das vozes que se insurgiu contra o poder. Defensora da prática  do pneu a arder no pescoço dos adversários, disse um dia: “Com os nossos fósforos e pneus libertaremos este país”.

Também foi acusada de rapto e assassinato do activista Stompie Moekesti, de 14 anos, e membro do ANC. Alegações de violência envolvendo membros do Clube de Futebol Mandela United, que agiam como seu corpo de guarda e exército privado no Soweto, continuam recorrentes. Winnie desmente as acusações, mas as suspeitas sobre si persistem. Winnie diz frequentemente que o ANC falhou na resolução dos problemas da maioria negra e prevê um futuro negro se nada melhor for feito para os pobres.
“A vida de primeira-dama não me serviria”, disse Winnie. “E nem sei o que faria como dona de casa”, afirmou um dia. Hoje, Winnie faz parte da direcção política do ANC.

Sérgio Soares - Jornal I

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"Capitães de Abril" reiteram alertas para perigo de violência em Portugal.


Os "capitães de Abril" Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho reiteraram na segunda-feira à noite os alertas para o perigo de violência na actual situação político-económica em Portugal, após uma conferência de quase quatro horas sobre o 25 de Novembro, em Lisboa.
No auditório da Sociedade Portuguesa de Autores, os dois coronéis foram trocando, entre si e com a plateia, repleta de outros militares, factos, relatos e interpretações dos acontecimentos vividos desde a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, ao golpe militar liderado pelo depois antigo Presidente da República Ramalho Eanes, que instituiu o Processo Constitucional no lugar do Processo Revolucionário em Curso (PREC).
"Eu sou um dos que sou acusado disso. Não estou a incitar à violência. Estou a alertar que a violência vem aí. Venho a fazer este alerta há cerca de três anos. A figura que criei na altura foi 'vem aí uma nova revolta de escravos', se não se alterarem as políticas que estão a ser feitas. Quem está a provocar a violência é quem está a fazer as políticas", afirmou Vasco Lourenço, referindo-se a declarações anteriores, num encontro organizado por outro ex-Presidente da República, Mário Soares, há dias na Aula Magna.
O coronel, assumidamente "moderado" rejeitou ter feito quaisquer "apelos à violência", mas insistiu que, "se não alterarem as políticas, a violência vai ser inevitável", adiantando que, tal como as suas palavras, também Soares não quis incentivar qualquer acção violenta.
"É indisciplina! A burguesia, a classe dominante, a minha classe, fica extremamente em aflição quando há um prenúncio de violência. É a única linguagem. Como o Estado burguês tem o monopólio da violência e lhe foge ao controlo, da polícia, da GNR, a classe dominante fica aflita", comentou Otelo, por seu turno, sobre a recente invasão das escadarias da Assembleia da República por parte de profissionais das forças de segurança.
Para o dirigente operacional do golpe militar que depôs o Estado Novo, "vão continuar a existir coisas dessas".
"Mário Soares fez aquela charla na Aula Magna e avisou que vem aí a violência. Eu também julgo que sim. Apesar de o nosso povo ser de brando costumes - o povo é sereno, dizia o almirante Pinheiro de Azevedo -, mas, a certa altura, quando a coisa extravasa, a criminalidade está a aumentar, pode-se passar para actos de violência que vão chocar enormemente a classe burguesa que, depois, é capaz de não ter polícia e todas as forças de repressão para actuarem. E aí, é um problema", disse.
Relativamente à homenagem ao antigo chefe de Estado Ramalho Eanes, Vasco Lourenço, reconheceu que a figura é merecedora, mas discordou da data em causa, por poder "abrir feridas". "Acho que a homenagem é justa pelo passado dele, agora podia ser feita, por exemplo, no 1.º de Dezembro ou no dia de anos do general Ramalho Eanes. Eu não estou na homenagem só por isso. Ao fazerem no 25 de Novembro, estão a realçar a divisão que houve. Já muito se conseguiu, muitas feridas conseguiram ser saradas e agora estão a reabri-las", justificou.
Sobre Eanes, Otelo classificou-o como "um prussiano", já que se "agarrou à Constituição como se fosse um regulamento de disciplina militar e tudo o que fugisse dali... 'corta!'".
Saraiva de Carvalho considerou que "o 25 de Novembro representa uma paragem, uma travagem brusca no PREC, que estava a ter um curso acidentado, um bocado atormentado, indisciplinado, nos quartéis (...). Que levou ao poder a facção mais moderada, mais aceite pelo mundo ocidental".
Analisando a actualidade, Vasco Lourenço defendeu que Portugal está a assistir à "destruição de tudo o que cheira a Abril", tornando-se um "protectorado de forças estrangeiras, em que o poder está a vender o país a pataco", caminhando "para situações que de democráticas têm muito pouco".
in Publico.