sábado, 18 de fevereiro de 2012

“Estão a matar o nosso pão”.


Os mariscadores da Lagoa queixam-se que a intervenção que está a ser feita na Lagoa de Óbidos põe em risco o seu trabalho e que já lhes trouxe prejuízos.
 “A área onde estavam habituados a tirar amêijoa e mexilhão está neste momento a ser soterrada e calcada com milhões de quilos de areia, na zona junto ao cais”, denuncia João Penedos, tornando pública a queixa de muitos dos que tiram o sustento daquele local.

Fernando Baltasar, mais conhecido por Fernando Loca, é um desses casos. Mariscador e pescador há 35 anos, diz que “estão a matar o nosso pão”, com a colocação de areia na zona do cais, no local onde antes apanhavam amêijoa, berbigão e mexilhão.

“Estou farto de correr empreiteiros para ver se encontro alguma coisa para fazer”, conta Fernando Loca que, sem outro meio de subsistência, nos últimos tempos tem recorrido ao apoio de amigos.

 Também Rodrigo Gomes, pescador e mariscador desde 1997, está a deparar-se com dificuldades e tem que contar com a ajuda de familiares.
Diz sentir revolta ao ver a intervenção que está a ser feita e que põe em causa o seu sustento. “Vão matar o marisco com esta areia que estão a colocar nas margens pois deixa de ter oxigenação”, explica.

A esta situação junta-se a proibição, por parte do IPIMAR (Instituto das Pescas da Investigação e do Mar) – a entidade que regula a apanha de bivalves -  da captura de marisco, entre os meses de Janeiro e Maio.

Esta entidade atribui a classificação de A, B e C à qualidade da água e dos bivalves que nela vivem numa escala que vai da comercialização sem restrições (A) à obrigatoriedade de transformação e depuração (C). Habitualmente, na lagoa não há classificação A, sendo a B permitida para os meses de Verão e a C para o Inverno.

Os mariscadores queixam-se que têm as licenças pagas e que não podem trabalhar.

 Fátima Ferreira - fferreira@gazetacaldas.com

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