quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Somos mesmo piegas?


Na escola onde deu aulas (acusada há pouco de inflacionar notas para benefício dos seus formandos), Passos Coelho pôs-se a tartamudear sobre alunos e ensino, lembrando-se às tantas de excomungar os “piegas”. A lengalenga da exigência, com uma pitada de brutalidade darwinista. Nada de novo, portanto. A criatura, que de Sócrates só herdou a boçalidade, continua sem cabecinha nem assessores para lhe assinalar quando reprimir os disparates que lhe assomam às meninges. Mas ignora o que seja um símile ou uma metáfora.

Mesmo assim, a nação acusou logo o dói-dói: “Passos pede aos portugueses para serem ‘menos piegas’”, titulou o site do nosso jornal de referência mais espesso. E lá veio a costumeira maré de queixumes, choraminguices, ranger de dentes e rasgar de vestes. Ai que ele nos chamou “piegas”!

Não. Não chamou. Mas devia ter chamado. Quem se ofende tanto com as bocas de um zero à esquerda admite que vale menos que nada. Afinal falamos de uma nódoa académica, licenciada (na Lusíada) tarde e a más horas, mas a tempo de arredondar o CV. De um cromo que deu aulas de Matemática liceal durante um ano, sem ter concluído o curso – em dias de nula exigência, presumo. Um fulano que depois disso viveu abrigado sob a asa do partido e do padrinho Ângelo. Eis o perfil de quem agora nos incita a “não termos pena dos alunos coitadinhos que sofrem tanto para aprender”.

Repito: quem se deixa ofender por este títere oco, insensível e vaidoso está apenas a ofender-se a si mesmo.

Luís Rainha, Jornal I

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