quinta-feira, 17 de maio de 2012

A grande farsa.


O Governo prepara-se para anunciar a criação de um fundo de investimento imobiliário com o objectivo de ajudar as famílias em dificuldade a conservarem a casa. O que se pretende é que quem não consegue pagar o empréstimo continue a viver na habitação, não como proprietário, mas como arrendatário com opção de compra.
Claro que este mecanismo só resultará se a renda for mais baixa do que a prestação. Mas quem ganha com a situação? Numa versão simplista, ganham as famílias, que não perdem o usufruto da casa e têm os encargos mensais reduzidos. Mas os verdadeiros vencedores são os bancos. Ao atirarem os empréstimos ‘tóxicos’ para um fundo imobiliário, riscam das suas contas milhões de euros de crédito malparado que eram obrigados a provisionar, ficando com menos dinheiro disponível para fazer negócio.
Respiram de alívio banqueiros e construtores. Os prédios já não pesam nos prejuízos das contas e o preço das casas já não vai descer como aconteceria se os bancos tivessem de gerir milhares de imóveis entregues por famílias desesperadas. Mais uma vez, a engenharia financeira fez o milagre de multiplicar dinheiro onde ele não existe, para bem da propriedade privada e glória do crédito.

 Miguel Alexandre Ganhão, Subchefe de Redacção – CM

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