quarta-feira, 4 de abril de 2012

Aquém e além da "troika".





No obscuro jogo em que tornou a aplicação do memorando com a "troika", o Governo tem frequentemente anunciado, com indisfarçável orgulho, que foi "além da troika". Esconde é que, ao mesmo tempo, tem ficado "aquém da troika". E só se surpreende que o Governo vá entusiasticamente "além da troika" sempre que se trata de penalizar os pobres e as classes médias e fique "aquém da troika" quando toca a grandes grupos económicos ou à banca (que não são coisa substancialmente diferentes) quem não conhece as inclinações ideológicas de PSD e CDS e a rede de interesses que se move à sua volta e com a qual se confundem.
Surpreendeu-se foi a "troika" que, no relatório de avaliação do cumprimento do memorando, ontem divulgado, estranha que a redução do défice tarifário no sector eléctrico "através da redução das rendas excessivas" pagas pelo Estado à EDP, não tenha sido "tratado adequadamente".
O que a "troika" decerto ignorará é que no sector eléctrico português avulta o "compagnon de route" deste Governo e do anterior, António Mexia, CEO da EDP e cabeça visível do polvo de interesses que domina o sector. Um bicho, o polvo, tão poderoso que um ingénuo secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, tentou, em cumprimento do memorando, mordiscá-lo e foi imediatamente demitido por Mexia (ou terá sido por Passos Coelho?).
Para compensar, o desemprego já vai, segundo o Eurostat, em 15%, muito "além da troika"...





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