quinta-feira, 22 de março de 2012

A futura cozinha portuguesa.



A Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste nas Caldas da Rainha está a surpreender com a criatividade e o experimentalismo da cozinha de autor.

Decorreu na passada sexta-feira o segundo dia do programa pedagógico, onde os alunos do 3º ano do curso de Técnicas de Cozinha/Pastelaria estão a fazer menus criativos da sua autoria, apresentando-os no restaurante de aplicação da escola. Esta ação, que decorre às sextas-feiras, consiste em ter como responsável máximo pela cozinha um dos alunos finalistas, com total responsabilidade pela elaboração e confeção de um menu de degustação que também servirá para a sua avaliação pelos seus formadores. Junta-se também o curso de Restauração e Bebidas do qual um dos alunos se encarrega de coordenar o serviço à mesa.
Esta prova, onde os finalistas são os chefes criativos, irá rodar por todos os estudantes de ambos os cursos até ao dia 1 de junho, tendo o JORNAL DAS CALDAS como parceiro de divulgação do seu trabalho.
“Podemos deixar outras pessoas felizes com uma boa comida feita por nós mesmos. Mas cozinhar também traz satisfação a quem prepara o alimento”, explicou o aluno André Mendes, que foi o chefe de cozinha neste segundo dia do programa de cozinha de autor. O finalista é natural das Caldas da Rainha e reside no Nadadouro e para a escolha da ementa resolveu selecionar algumas receitas da cozinha internacional e incluir produtos da região Oeste, como a amêijoa e mexilhão da Lagoa de Óbidos, a maçã de Alcobaça, a pera rocha e a ginja de Óbidos, pelo facto de terem bastante qualidade. “Sou desta região e sempre apreciei o sabor e a qualidade dos nossos peixes, mariscos, frutos, licores, entre outros. Para além disso é essencial valorizarmos aquilo que é nosso. Assim sendo, pareceu-me adequado fazer a fusão do requinte da tão conceituada cozinha internacional com a qualidade, a frescura e o sabor dos produtos da região Oeste, e assim reinventar os pratos internacionais”, apontou André Mendes, de 22 anos.
A confeção da ementa foi da inteira responsabilidade do aluno, que teve a seu cargo na cozinha doze colegas que fizeram 21 almoços. “Nós estamos habituados a ser mandados e quando chega a parte de chefiar e coordenar é mais complicado”, disse André Mendes. Para o futuro chefe, a apresentação de um prato é importante mas o que lhe interessa mais é o “tempo de confeção, para que os clientes tenham uma comida saborosa e não só bonita”. A sua expectativa é que todos que degustaram os seus pratos tenham gostado das combinações que elaborou e que “possam a partir de hoje reinventar também nas suas casas os pratos tradicionais”.
Depois de terminar o curso em junho pretende ingressar em Pastelaria Avançada no pólo de Óbidos. “Quero especializar-me na área de Gestão de Pastelaria e depois disso o meu objetivo é ingressar no mercado de trabalho em Portugal, em grandes cadeias hoteleiras”. Se não conseguir entrar no mercado de trabalho no país vai tentar no estrangeiro. “Com as capacidades que tenho e com tudo o que já aprendi o meu único objetivo a nível profissional é adquirir novos conhecimentos para me tornar um chefe de cozinha, e talvez então quando tiver mais experiência e estabilidade poder pensar em abrir um negócio próprio e inovador”, sublinhou André Mendes.
Diana Félix, de 19 anos, natural da Usseira, no concelho de Óbidos, frequenta o 3º ano do Curso de Técnicas de Serviço, Restauração e Bebidas. Ficou encarregue de gerir o serviço na sala com a colaboração de outros três colegas. “Foi muito agradável e foi sem dúvida uma boa experiência porque nós aprendemos muito com este tipo de serviço”, disse a jovem estudante, que confessou querer ser hospedeira de bordo, mais do que ser chefe de sala. “Estou a tirar este curso pela prática e para ter o décimo segundo ano. Se não conseguir para já ser hospedeira talvez vá para a faculdade tirar o curso de Gestão Turística”, explicou Diana Félix, que ficou satisfeita com a sua prestação.
Depois de ter degustado os pratos criados por André Mendes, Daniel Pinto, diretor da Escola gostou da conjugação da ementa especialmente do ponto de vista do “food design”. “Este é o dia da cozinha do autor mas também da cozinha criativa. O que se pretende é que os alunos neste dia, deem uso à sua imaginação e criatividade para fazerem coisas diferentes”, referiu.
Segundo o diretor, a turma que está na cozinha neste dia fez os menus para o restaurante e para o refeitório. “Hoje tivemos a visita de alunos de duas Escolas Secundárias do curso técnico de restauração de bar e pastelaria de Baguim (Gondomar) e de Canas de Senhorim, que visitaram o Festival de Chocolate de Óbidos e depois vieram almoçar aquilo que os nossos alunos confecionaram, o que acontece diariamente”, revelou Daniel Pinto.
Os menus de degustação são públicos, como acontece nos restantes dias no restaurante da escola, mediante marcação e é aconselhável porque tem uma excelente relação qualidade-preço (oito euros por pessoa). O diretor adianta que o restaurante tem tido bastante procura. “Uma refeição destas no dia da Cozinha de Autor da num restaurante lá fora custaria cerca de 50 euros”, revelou Daniel Pinto, acrescentando que os alunos têm um orçamento atribuído para esta refeição. “Os estudantes definem a ficha técnica. A forma como confecionar aqueles pratos e as quantidades dentro de um orçamento que está previsto”, indicou.

Ementa:

Entradas: Sopa de Amêijoas da Lagoa de Óbidos e Risotto de Frutos do Mar

Peixe: Filetes de Linguado do Atlântico com Ratatouille, Crocante de Alho Francês e Cenoura e Molho Beurre Blanc

Carne: Medalhões de Vitela com Batata Chips, Molho de Mostarda e Chutney de Maçã

Sobremesa: Tarte de Limão Merengada, Gelado de Pera Rocha e Quenelle de Claras aromatizada com Ginja de Óbidos


Jornal das Caldas - Marlene Sousa







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