sexta-feira, 2 de março de 2012

A mentira das políticas públicas de emprego


Pedro Mota Soares anunciou a redução do prazo de decisão por parte da Segurança Social para o destacamento de trabalhadores no estrangeiro de empresas estabelecidas em Portugal. Passa de 60 para três dias. Lê-se e não se acredita. Este é apenas um pequeno exemplo do que é a interferência do Estado na vida das empresas, nos negócios e na economia.

 Tudo passa pelo Estado, tudo depende do Estado, tudo ou quase tudo morre na infinita burocracia do Estado. É um verdadeiro inferno. Criar um posto de trabalho em Portugal não só é caro como é penoso do ponto de vista administrativo. É por isso que é necessária muita coragem política para arrasar com um Estado que está em todo o lado para dificultar e tantas vezes boicotar qualquer iniciativa.

 Os problemas do desemprego, do fraco crescimento económico e do pouco peso que as exportações ainda têm na produção de riqueza não se resolvem com políticas públicas disto e daquilo, nomeadamente de emprego. Agora que o desemprego já atingiu os 14,8% e naturalmente irá continuar a subir, chovem os protestos e os apelos ao governo para tomar medidas que contrariem esta tendência. Como se sabe, não são os ministros que arranjam postos de trabalho e evitam a falência de empresas. Não são os ministros que arranjam mercados para as exportações. Não são os ministros que investem na economia. Não são os ministros que inventam negócios. Não são os ministros que aumentam a riqueza do país.

 Os ministros deviam, isso sim, tornar Portugal um país em que o mercado funcionasse e em que o Estado, por via da carga fiscal e da burocracia, deixasse de ser um inimigo do investimento. Mas nisso pouca gente fala. Não se ouvem patrões e sindicatos gritar bem alto que é preciso um novo Estado amigo dos negócios e da economia. Não se ouvem sindicatos e patrões exigir menos impostos e menos papéis para criar uma empresa e postos de trabalho.

 Não, o que se ouve, de patrões e sindicatos, são apelos lancinantes ao governo de que reduza o desemprego e, imagine-se, invente umas tantas políticas públicas de emprego. Basicamente, o que os senhores do costume querem é que o Estado invente uns milhares de estágios profissionais para jovens desempregados, uns milhares de cursos de formação profissional da treta para desempregados de média e longa duração e, desta maneira falaciosa, limpe os ficheiros dos institutos e apareça nas estatísticas com uns valores mais bonitos do desemprego.

 Tudo isto é mais do mesmo e o mais do mesmo é uma mentira pegada que apenas serve para adiar o que é absolutamente necessário fazer neste país em que o Estado é tudo e mais alguma coisa, além de ser o maior empregador da nação. Chegados a este ponto e depois de oito meses de governo PSD/CDS, é natural que muita gente ponha em dúvida a sua capacidade para realmente mudar Portugal.

 Chegados a este ponto, e olhando para o que se passa em Itália, é natural que muita gente já sonhe com um governo sem partidos, capaz de fazer reformas a sério. Mario Monti tem o apoio da grande maioria dos italianos. O nosso Mario Monti não seria certamente uma excepção.

Jornal I - António Ribeiro Ferreira

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