quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sol, bom tempo e…desemprego aumentam participantes no Santo Antão de Óbidos




O sol e o bom tempo que se fez sentir no passado dia 17 ajudou a Festa de Santo Antão de Óbidos.
 Milhares de pessoas voltaram a subir os 150 degraus para chegar à ermida de Santo Antão para celebrar o dia do padroeiro, pagando as suas promessas, ou apenas para passar momentos de convívio.
 É um encontro que mistura a componente religiosa com uma outra profana. O festejo que decorreu no cimo de um cabeço, com cerca de 80 metros de altura, serviu para muitos dos participantes fazerem as suas promessas com vista à recuperação de um animal doente, ou pedidos de boas ninhadas. Estas promessas são pagas na casa de esmola ou na sacristia recebendo em troca uma vela enrolada numa fita de nastro cor-de-rosa previamente benzida. O costume de pagar as promessas em géneros tem-se vindo a perder ao longo dos anos. Esta é a filosofia base destas cerimónias. As velas e fitas benzidas, símbolo de promessas do ano anterior, são oferecidas ao Santo e colocadas junto aos pés do mesmo. Já outros devotos optam por queimar as velas no tabuleiro.
Raul Penha, que já pertence à Comissão de Festas do Santo Antão há cerca de 30 anos, conta que este ano a festa teve mais pessoas do que é habitual nos dias de semana. “Penso que não foi só o bom tempo, tem a ver com o desemprego, há muitas pessoas sem fazer nada”, disse. O elemento da comissão da festa adiantou ainda que “que há muita gente que vem para o convívio e não precisa de gastar de dinheiro porque sabe que ao chegar ao local da festa há sempre quem ofereça bebida e chouriço assado”.
 Quanto às promessas, este responsável revelou que com a crise que o país está a atravessar é mais comum a “devoção e a intercessão aos santos para que tudo corra bem”, adiantando que há muitas pessoas a “voltar ao antigo, ao cultivo das pequenas hortas e da criação de alguns animais domésticos”.
 Este ano, e porque a festa se realizava durante a semana, a comissão de festas comprou apenas 50 quilos de chouriço, e ao contrário dos anos anteriores, não os vendeu na sua totalidade. “O chouriço, não sei porquê não está a ter muita saída, no entanto os 100 pães esgotaram logo antes da missa”, revelou Raul Penha. Os preços mantêm-se os mesmos de há dois anos, com o chouriço a custar dez euros.
 Voltaram a ter as canecas alusivas à efeméride, com a data gravada, que também esgotaram.
 A festa durou até ao fim da tarde, com os convivas a assar o chouriço, nas fogueiras que se estendiam pelo recinto. A música não faltou e, entre os animadores, estiveram acordeonistas que colocaram o público a cantar e dançar.
 No mesmo local, vendedores de pinhões, laranjas, chouriços, cavacas e outros produtos tradicionais deram origem a uma feira.
 Este ano também a RTP foi ao Santo Antão, e fez diversos diretos para o programa “Portugal no Coração”.
 Hugo Oliveira, vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, é já uma presença habitual na Festa de Santo Antão de Óbidos. “Eu julgo que há cerca de vinte anos que venho cá sempre. É um momento engraçado e muitas pessoas não só de Óbidos mas também das Caldas e da região. Há um convívio muito interessante entre o público, onde se passa uma tarde muito interessante”, referiu o autarca.
 “É uma festa muito interessante com muito convívio e onde se faz novas amizades”, disse o músico Mike Edge, de Inglaterra, que vive em Óbidos há cerca de dois anos. Visitou pela segunda vez a romaria, e promete voltar no próximo ano.

Marlene Sousa







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