domingo, 5 de abril de 2009

Deixem o povo em paz, porra!


“Esta gente que agora se farta de dizer mal de Portugal e dos portugueses é a mesma que está no poder há décadas. Sejam políticos, jornalistas, comentadores, dirigentes disto e daquilo, empresários, o que for. São os que se dizem detentores da verdade, mas não a dizem. Talvez se queiram servir dela para outros proveitos. Sabem das notícias, mas não as dão. Têm medo de quê? Talvez de perder o conforto dos lugares que ocupam. Achincalham-se pelas costas, apertam-se peito a peito pela frente. Falam dos portugueses, falam muito dos portugueses e de Portugal, como se alguém lhes tivesse dado o dom de olhar lá do alto duma torre imensa para cá por baixo categorizarem. São bocas abertas de lugares comuns, ideias roubadas aos outros, pensam quase sempre pela cabeça dos outros, citando, referindo, comparando. Eles sabem tudo, eles têm soluções para tudo. Generalizam com o maior dos à-vontades, mas sempre com o cuidado de se colocarem fora das generalizações. Eles dizem mal de Portugal e dos portugueses? Eu prefiro dizer mal deles. Foram eles que organizaram a festa. A eles se deve a qualidade da banda. Querem agora ter um pezinho dentro e outro fora? À merda com eles! Foram eles que calaram, foram eles que pactuaram, foram eles que carregaram os sacos azuis da nossa miséria. Mas afinal quem faz as leis? O povo? E os políticos? O povo? Quem, ao longo destes anos, tem dado voz aos falsários e calado os competentes? O povo? Sempre e sempre o povo, malfadado povo. Deixem o povo em paz, porra! Mas qual povo qual carapau? O povo levanta-se às 6 da manhã para ir esfregar as latrinas dos centros comerciais. O povo não arranja as unhas. O povo mora atrás dos balcões com a corda ao pescoço. O povo é apenas a engrenagem do sistema que vocês, vocês que agora criticam, vocês que agora dizem mal, vocês que agora se angustiam, o povo é apenas a engrenagem do sistema que vocês operam. Deixem o povo em paz, caralho! O povo só quer ter o que comer, porque o povo sabe que a morte está ali no final da esquina à espreita. O povo quer ter filhos de barriga cheia. Que querem vocês? Que querem vocês do povo? Que o povo deixe de ser povo? O povo é cão, há-de ser sempre cão. O que varia é o dono.”

Autor desconhecido

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