segunda-feira, 15 de junho de 2009

A idade transforma o amor e o sexo


Aos 50 anos as emoções são mais verdadeiras, as pessoas estão mais libertas e o prazer erótico que é possível alcançar é superior ao da juventude.

Assistimos a mudanças profundas na relação entre sexo e amor nas várias etapas da vida. Antigamente, as raparigas tinham a primeira relação sexual com 18 anos, com o namorado. Os rapazes tinham a primeira experiência com prostitutas. No caso das raparigas, o sexo estava relacionado com o amor, nos rapazes nem tanto. Actualmente, as raparigas têm a primeira experiência sexual com 13 ou 14 anos, com rapazes da mesma idade. O amor e o sexo aproximaram-se, mas estes amores adolescentes, apesar de emocionalmente muito intensos, são frágeis e de curta duração.
Com 20 e 30 anos, homens e mulheres estão dedicados aos estudos, à carreira e trocam de cidade e de trabalho, viajam, querem divertir-se. Têm numerosas experiências amorosas, mas só muito dificilmente se entregam e fazem do amor a razão de ser da vida. Muitos adiam o casamento e o momento de ter filhos. As mulheres sonham com o homem ideal, que as ame de forma apaixonada e seja fiel. Contudo, têm dificuldade em encontrá-lo, porque os homens também mudam com muita frequência de parceira. Mais tarde, quase todos casam ou vivem em união de facto, e têm filhos, mas os casais são muitas vezes frágeis.

É exactamente esta fragilidade e o aumento do número de solteiros que faz com que muitas mulheres voltem a procurar o amor quando os filhos já estão crescidos.

E podem fazê-lo porque, graças às dietas, à ginástica, aos tratamentos com hormonas e à cirurgia estética permanecem biologicamente jovens e belas. Algumas, imitando homens ricos e divas do cinema, procuram homens muito mais jovens, mas ficam muitas vezes desiludidas, ciumentas e ansiosas. Mas porque o fazem? Qual a atracção de uma pessoa mais jovem? Um corpo mais musculoso ou seios mais firmes? Não, aquilo que atrai é uma mente fresca, livre, curiosa, aberta, sem tabus, sem inibições, cheia de vitalidade, que deseja divertir-se, voltar a ter prazer. Mas estas características também estão presentes em pessoas que têm mais ou menos a mesma idade e são fascinantes. É com estas pessoas, já sem problemas com filhos e com a carreira e que interiorizam as experiências de forma sábia, que é possível alcançar uma intimidade e um prazer erótico não acessível na juventude.
Estou certo de que muitos vão espantar-se com aquilo que afirmo, mas apenas porque há demasiados preconceitos, demasiados tabus e poucas pesquisas sobre as relações amorosas das mulheres que têm entre 40 e 60 anos. Apesar de serem frequentes e com tendência para aumentar com o prolongamento da esperança de vida.

Francesco Alberoni,
Sociólogo, escritor e jornalista

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