O Governo prepara-se para anunciar a criação de um fundo de
investimento imobiliário com o objectivo de ajudar as famílias em dificuldade a
conservarem a casa. O que se pretende é que quem não consegue pagar o
empréstimo continue a viver na habitação, não como proprietário, mas como arrendatário
com opção de compra.
Claro que este mecanismo só resultará se a renda for mais
baixa do que a prestação. Mas quem ganha com a situação? Numa versão simplista,
ganham as famílias, que não perdem o usufruto da casa e têm os encargos mensais
reduzidos. Mas os verdadeiros vencedores são os bancos. Ao atirarem os
empréstimos ‘tóxicos’ para um fundo imobiliário, riscam das suas contas milhões
de euros de crédito malparado que eram obrigados a provisionar, ficando com
menos dinheiro disponível para fazer negócio.
Respiram de alívio banqueiros e construtores. Os prédios já
não pesam nos prejuízos das contas e o preço das casas já não vai descer como
aconteceria se os bancos tivessem de gerir milhares de imóveis entregues por
famílias desesperadas. Mais uma vez, a engenharia financeira fez o milagre de
multiplicar dinheiro onde ele não existe, para bem da propriedade privada e
glória do crédito.
Miguel Alexandre
Ganhão, Subchefe de Redacção – CM
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