Todos os anos na União Europeia são deitados fora cerca de
50% dos alimentos em condições comestíveis. São cerca de 89 milhões de
toneladas de comida não utilizada, o que, atendendo à população dos 27 Estados
membros, significa uma média de 179 Kg por pessoa. Mas, o mais incrivel é que,
no mesmo espaço onde se desperdiça tudo isto, vivem cerca de 79 milhões de
pessoas abaixo do limiar da pobreza, sem acesso a alimentos suficientes.
O desperdício alimentar verifica-se a todos os niveis da
cadeia agroalimentar, desde os campos agrícolas, às indústrias de
transformação, às empresas de distribuição e às casas dos consumidores,
contudo, estima-se que seja precisamente ao nível do consumidor que ele seja
maior, cerca de 42% ( 60% do qual poderia ser evitado).
Este desperdício não é, nem pode ser uma inevitabilidade.
Algo tão simples como a venda a granel, que permitiria ao consumidor adquirir
uma quantidade mais próxima às suas reais necessidades, ou a alteração do
tamanho das embalagens, contribuiria para diminuir significativamente o
desperdício. Do mesmo modo, a adopção generalizada de práticas já existentes em
alguns países, por parte das superfícies comerciais, que reduzem o preço dos
alimentos cuja data de validade se aproxima do fim.
No entanto, enquanto a cadeia agroalimentar for dominada
pelos interesses da indústria e das grandes cadeias de distribuição, o
desperdício substituirá, os produtores continuarão a ter de produzir
massivamente como forma de diminuir os prejuízos. Seria pois importante
introduzir também a este nível mecanismos que impedissem as actuais distorções
do mercado, que levam a que os produtores tenham que vender às distribuidoras
abaixo do preço de custo, ficando aquelas com todo o lucro.
Cláudia Oliveira – Região de Leiria
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