Na escola onde deu aulas (acusada há pouco de inflacionar notas para
benefício dos seus formandos), Passos Coelho pôs-se a tartamudear sobre alunos
e ensino, lembrando-se às tantas de excomungar os “piegas”. A lengalenga da
exigência, com uma pitada de brutalidade darwinista. Nada de novo, portanto. A
criatura, que de Sócrates só herdou a boçalidade, continua sem cabecinha nem
assessores para lhe assinalar quando reprimir os disparates que lhe assomam às
meninges. Mas ignora o que seja um símile ou uma metáfora.
Mesmo assim, a nação acusou logo o dói-dói: “Passos pede aos portugueses
para serem ‘menos piegas’”, titulou o site do nosso jornal de referência mais
espesso. E lá veio a costumeira maré de queixumes, choraminguices, ranger de
dentes e rasgar de vestes. Ai que ele nos chamou “piegas”!
Não. Não chamou. Mas devia ter chamado. Quem se ofende tanto com as bocas
de um zero à esquerda admite que vale menos que nada. Afinal falamos de uma
nódoa académica, licenciada (na Lusíada) tarde e a más horas, mas a tempo de
arredondar o CV. De um cromo que deu aulas de Matemática liceal durante um ano,
sem ter concluído o curso – em dias de nula exigência, presumo. Um fulano que
depois disso viveu abrigado sob a asa do partido e do padrinho Ângelo. Eis o
perfil de quem agora nos incita a “não termos pena dos alunos coitadinhos que
sofrem tanto para aprender”.
Repito: quem se deixa ofender por este títere oco, insensível e vaidoso
está apenas a ofender-se a si mesmo.
Luís Rainha, Jornal I
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