Cerca de 20 pessoas participaram na visita guiada ao castelo
de Óbidos feita pelos historiadores João Pedro Tormenta e Ricardo Pereira,
durante a manhã de 14 de Janeiro. Os participantes tomaram conhecimento do que
ocorreu no burgo no longínquo ano de 1148, aquando da sua tomada aos mouros
pelo rei D. Afonso Henriques.
De acordo com os
especialistas, os dados arqueológicos, arquitectónicos e documentais existentes
sobre o castelo de Óbidos apontam para uma “evolução faseada, em função da
morfologia do terreno e da ocupação antrópica”.O passeio foi acompanhado por informação gráfica, onde é feita uma abordagem histórico-arqueológica da evolução das muralhas, pelos responsáveis do Arquivo Histórico e Gabinete de Arqueologia. De acordo com os historiadores, do lado norte, o perímetro amuralhado conhecido como Cerca Velha “sugere uma fase de construção islâmica” e era completado pela torre albarrã e pelo corte de afloramento calcário junto à Porta da Talhada e também pela Torre do Facho.
Na área do palco (na
cerca do castelo) foram recolhidas cerâmicas islâmicas num depósito do século
XIII, o que comprova a ocupação do local nos séculos XI ou XII.
Já do lado sul, o
perímetro amuralhado chamado Cerca Nova indicia uma fase de construção
“claramente cristã”, sustentam.
Na Casa do Pelourinho
foram encontrados sete silos, mas as obras feitas numa casa vizinha já tinham
dado conta da existência de mais dois. Tratava-se, possivelmente, do celeiro da
Igreja de Santa Maria, onde se recolhiam os direitos sobre as freguesias da
paróquia.
Já entre os séculos
XIII e XIV o perímetro das muralhas foi alargado para sul, envolvendo a Igreja
de S. Pedro e tendo interrompido o caminho que ligava as vertentes ocidental e
oriental do outeiro de Óbidos.Foi há sete séculos que a muralha sofreu a última ampliação até à Torre do Facho, ficando com a planta actual. Na altura destruiu-se parte da muralha existente e reaproveitou-se o material pétreo na nova construção. A envergadura das obras implicou o “recrutamento de mão-de-obra na região, inclusive nos coutos de Alcobaça”, explicaram os historiadores, acrescentando que estas terão decorrido no quadro das guerras fernandinas ou da crise dinástica de 1383-1385.
O registo
arqueológico mostra que nos séculos XIV e XV houve uma intensificação da
ocupação em toda a vila.
Esta iniciativa do
programa Descobrir Óbidos está integrada nas comemorações do feriado municipal
de Óbidos.
Fátima Ferreira
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