Há dias, Eduardo Catroga disse uma coisa extraordinária.
Tendo sido escolhido para presidente da EDP, explicou a decisão, assim:
"Eu era um candidato natural". Na mesma altura, estando eu em Angola,
li num jornal local a entrevista também extraordinária de um empresário.
Perguntado sobre qual a refeição mais cara que teve, o empresário respondeu:
"Ainda há dias, num almoço em Amesterdão, uma garrafa de vinho custou-me
1500 dólares." Qualquer candidata a Miss Mundo saberia dizer que se
tivesse esse maço de notas dá-lo-ia a um hospital pediátrico... O despudor do
empresário angolano era de quem ignora tudo da política (isto é, da relação de
cada um com a gente à volta) a ponto de acirrar os que têm muito pouco e
justamente se ofendem com a arrogância dos poderosos. O caso de Catroga é
politicamente parecido. Em Portugal há escândalos recorrentes com o termo
"boys". Daí as nomeações, que deveriam ser sempre na base da
competência (o que é o caso Catroga/EDP), exigirem também discrição política.
Ora alguém achar-se "candidato natural para a presidência da EDP" é
um estardalhaço desnecessário e arrogante que não pode senão excitar
indignações. Recorro ao imaginativo falar luandense para mostrar que ninguém se
deixa enganar. Por lá se explica o que leva alguém a conseguir um alto cargo:
"Esse tem um grande QI!" E não, não se referem a Quociente de
Inteligência, mas sim a ter um grande e poderoso Quem Indicou.
DN - FERREIRA FERNANDES
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