Pedro Mota Soares anunciou a redução do prazo de decisão por
parte da Segurança Social para o destacamento de trabalhadores no estrangeiro
de empresas estabelecidas em Portugal. Passa de 60 para três dias. Lê-se e não
se acredita. Este é apenas um pequeno exemplo do que é a interferência do
Estado na vida das empresas, nos negócios e na economia.
Tudo passa pelo
Estado, tudo depende do Estado, tudo ou quase tudo morre na infinita burocracia
do Estado. É um verdadeiro inferno. Criar um posto de trabalho em Portugal não
só é caro como é penoso do ponto de vista administrativo. É por isso que é
necessária muita coragem política para arrasar com um Estado que está em todo o
lado para dificultar e tantas vezes boicotar qualquer iniciativa.
Os problemas do
desemprego, do fraco crescimento económico e do pouco peso que as exportações
ainda têm na produção de riqueza não se resolvem com políticas públicas disto e
daquilo, nomeadamente de emprego. Agora que o desemprego já atingiu os 14,8% e
naturalmente irá continuar a subir, chovem os protestos e os apelos ao governo
para tomar medidas que contrariem esta tendência. Como se sabe, não são os
ministros que arranjam postos de trabalho e evitam a falência de empresas. Não
são os ministros que arranjam mercados para as exportações. Não são os
ministros que investem na economia. Não são os ministros que inventam negócios.
Não são os ministros que aumentam a riqueza do país.
Os ministros deviam,
isso sim, tornar Portugal um país em que o mercado funcionasse e em que o
Estado, por via da carga fiscal e da burocracia, deixasse de ser um inimigo do
investimento. Mas nisso pouca gente fala. Não se ouvem patrões e sindicatos
gritar bem alto que é preciso um novo Estado amigo dos negócios e da economia.
Não se ouvem sindicatos e patrões exigir menos impostos e menos papéis para
criar uma empresa e postos de trabalho.
Não, o que se ouve,
de patrões e sindicatos, são apelos lancinantes ao governo de que reduza o
desemprego e, imagine-se, invente umas tantas políticas públicas de emprego.
Basicamente, o que os senhores do costume querem é que o Estado invente uns
milhares de estágios profissionais para jovens desempregados, uns milhares de
cursos de formação profissional da treta para desempregados de média e longa
duração e, desta maneira falaciosa, limpe os ficheiros dos institutos e apareça
nas estatísticas com uns valores mais bonitos do desemprego.
Tudo isto é mais do
mesmo e o mais do mesmo é uma mentira pegada que apenas serve para adiar o que
é absolutamente necessário fazer neste país em que o Estado é tudo e mais
alguma coisa, além de ser o maior empregador da nação. Chegados a este ponto e
depois de oito meses de governo PSD/CDS, é natural que muita gente ponha em
dúvida a sua capacidade para realmente mudar Portugal.
Chegados a este
ponto, e olhando para o que se passa em Itália, é natural que muita gente já
sonhe com um governo sem partidos, capaz de fazer reformas a sério. Mario Monti
tem o apoio da grande maioria dos italianos. O nosso Mario Monti não seria
certamente uma excepção.
Jornal I - António Ribeiro Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário