Não sou adepto do Benfica e, como
sportinguista, não tenho gratas memórias de Luisão. Mas nessa não simpatia, que
não significa antipatia ou animosidade, devo reconhecer que é um excelente
atleta. Sarrafeiro, manhoso, e também um defesa seguro e que impõe respeito.
Agora, vejo imagens em que o
envolvem com um árbitro alemão e não posso deixar de sorrir ao ver que Luisão
apanhou pela frente um manhoso muito melhor do que ele. Nunca vi nada igual. O
árbitro assinala uma falta, Luisão e outro jogador do Benfica discutem a
bondade da apitadela, e até é possível que o defesa se tenha encostado a ele.
O alemão, ignorando a tradição
bélica prussiana, atira-se para o chão inanimado, ou fingindo-se inanimado, o
jogo pára, entram assistentes, os jogadores das duas equipas não sabem se
hão-de rir se levar a coisa a sério, e a história termina minutos depois com o
tipo a levantar-se, a marchar para as cabines, e o jogo anulado. Acho que
Luisão, a esta hora, ainda deve estar a perguntar-se onde é que foi parido um
sabidão maior do que ele. Só podia ser alemão. Do país que manda na Europa. E
agora corre o risco de o homem amuar por ter posto meio estádio a rir por causa
da mariquice da cena e escrever um relatório onde o jogador pode correr o risco
de ser irradiado. Risco sério, diria eu.
Qualquer lusitano, nestes dias de
crise, deve reverenciar os árbitros alemães. São os donos da bola e do jogo que
se disputa em todos os relvados governamentais, o que quer dizer que, no
petisco europeu, têm a faca e o queijo nas mãos. Ora Luisão ameaçou armar--se
em grego e o árbitro desmaiou depressa. E daqui retira-se uma conclusão em
jeito de metáfora: sejam árbitros de futebol, sejam da troika, quando
trimestralmente vêm fiscalizar o comportamento do País face à penhora que nos
está imposta, a tentativa de encosto cai mal em pano germânico.
Vítor Gaspar faz muito bem
compondo aquela postura educada que não encosta em demasia, não protesta,
apenas cumprimenta e de longe. É que se o hábito pega, partindo da fita do
árbitro do encontro particular, não vai ser difícil ver peritos caídos pelo
chão do Terreiro do Paço, inanimados, porque apitaram com defeito em qualquer
das contas do orçamento de Estado que têm sobre vigilância. E se mandam
terminar o jogo é uma chatice. Lá marcharemos todos para a fila da sopa do
Sidónio.
Francisco Moita Flores, Professor
Universitário - CM
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