O sol e o bom tempo que se fez sentir no passado dia 17
ajudou a Festa de Santo Antão de Óbidos.
Milhares de pessoas
voltaram a subir os 150 degraus para chegar à ermida de Santo Antão para
celebrar o dia do padroeiro, pagando as suas promessas, ou apenas para passar
momentos de convívio.
É um encontro que
mistura a componente religiosa com uma outra profana. O festejo que decorreu no
cimo de um cabeço, com cerca de 80 metros de altura, serviu para muitos dos
participantes fazerem as suas promessas com vista à recuperação de um animal
doente, ou pedidos de boas ninhadas. Estas promessas são pagas na casa de
esmola ou na sacristia recebendo em troca uma vela enrolada numa fita de nastro
cor-de-rosa previamente benzida. O costume de pagar as promessas em géneros
tem-se vindo a perder ao longo dos anos. Esta é a filosofia base destas
cerimónias. As velas e fitas benzidas, símbolo de promessas do ano anterior, são
oferecidas ao Santo e colocadas junto aos pés do mesmo. Já outros devotos optam
por queimar as velas no tabuleiro.
Raul Penha, que já pertence à Comissão de Festas do Santo
Antão há cerca de 30 anos, conta que este ano a festa teve mais pessoas do que
é habitual nos dias de semana. “Penso que não foi só o bom tempo, tem a ver com
o desemprego, há muitas pessoas sem fazer nada”, disse. O elemento da comissão
da festa adiantou ainda que “que há muita gente que vem para o convívio e não
precisa de gastar de dinheiro porque sabe que ao chegar ao local da festa há
sempre quem ofereça bebida e chouriço assado”.
Quanto às promessas,
este responsável revelou que com a crise que o país está a atravessar é mais
comum a “devoção e a intercessão aos santos para que tudo corra bem”,
adiantando que há muitas pessoas a “voltar ao antigo, ao cultivo das pequenas
hortas e da criação de alguns animais domésticos”.
Este ano, e porque a
festa se realizava durante a semana, a comissão de festas comprou apenas 50
quilos de chouriço, e ao contrário dos anos anteriores, não os vendeu na sua
totalidade. “O chouriço, não sei porquê não está a ter muita saída, no entanto
os 100 pães esgotaram logo antes da missa”, revelou Raul Penha. Os preços
mantêm-se os mesmos de há dois anos, com o chouriço a custar dez euros.
Voltaram a ter as
canecas alusivas à efeméride, com a data gravada, que também esgotaram.
A festa durou até ao
fim da tarde, com os convivas a assar o chouriço, nas fogueiras que se
estendiam pelo recinto. A música não faltou e, entre os animadores, estiveram
acordeonistas que colocaram o público a cantar e dançar.
No mesmo local,
vendedores de pinhões, laranjas, chouriços, cavacas e outros produtos
tradicionais deram origem a uma feira.
Este ano também a RTP
foi ao Santo Antão, e fez diversos diretos para o programa “Portugal no
Coração”.
Hugo Oliveira,
vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, é já uma presença habitual
na Festa de Santo Antão de Óbidos. “Eu julgo que há cerca de vinte anos que
venho cá sempre. É um momento engraçado e muitas pessoas não só de Óbidos mas
também das Caldas e da região. Há um convívio muito interessante entre o
público, onde se passa uma tarde muito interessante”, referiu o autarca.
“É uma festa muito
interessante com muito convívio e onde se faz novas amizades”, disse o músico
Mike Edge, de Inglaterra, que vive em Óbidos há cerca de dois anos. Visitou
pela segunda vez a romaria, e promete voltar no próximo ano.
Marlene Sousa
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