Os agricultores de Óbidos talvez só em 2014 é que poderão
usar a água da barragem do Rio Arnóia, obra iniciada em 2002, concluída e
inaugurada em 2006, mas cujo projecto foi iniciado em 1978.
A barragem era uma
aspiração de cerca de três mil agricultores das baixas de Óbidos, que viram o
investimento de 35 milhões ser iniciado em Julho de 2002, com a adjudicação da
obra, depois de oito anos de estudos técnicos.
O secretário de
Estado da Agricultura, José Diogo, visitou o equipamento no dia 23 de Novembro,
e teve uma reunião com cerca de duas dezenas de agricultores que ainda têm
esperança no funcionamento do equipamento. Os agricultores receberam como
mensagem a promessa de revisão do programa Prover, até ao final deste ano, para
tentar desbloquear verbas para a rede de rega, caso contrário só em 2014,
quando se discutir o novo quadro de ajudas na Política Agrícola Comum, se
poderá tentar inverter esta paralisação.
“Até ao final do ano
vamos fazer uma reprogramação do programa Prover, onde vamos transferir verbas
não utilizadas para medidas onde houve mais candidaturas do que o orçamento
disponível. Dentro desse quadro vamos ver o que é possível financiar. Nesse
quadro foi sugerido que poderemos embaratecer este programa, tentar racionar
alguns custos, arranjar comparticipação de alguns agricultores e tentar
escalonar a despesa, até 2014”, disse José Diogo.
“Nós estamos numa
situação financeira do país sem precedentes e não podemos ter medidas sem
termos orçamento adequado. As propostas actuais da União Europeia não incluem
novos projectos de regadio”, afirmou.
Entretanto, os
agricultores mostraram-se disponíveis a comparticipar a parte que compete ao
Estado na verba, desde que o dinheiro seja deduzido em impostos, algo que o
secretário de Estado aponta que o regulamento comunitário não permite.
O governante realça
que “os agricultores têm vontade de ter água, essencial para ter boa
agricultura. Temos visto que apesar da crise, a agricultura não perdeu a força.
A agricultura não está na moda, mas está com dinamismo”.
Menos satisfeito, mas
ainda assim esperançado que seja desta que haverá uso da água da barragem do
Rio Arnóia, está Luís Honorato, presidente da Associação de Regantes das Baixas
de Óbidos.
“Espero que não seja
mais um [membro do Governo] de entre tantos que passaram por aqui e nos fizeram
promessas e que eles actuem”, manifestou.
O dirigente avisou
que os agricultores vão esperar até ao final do ano, “porque não temos
alternativa. Há pessoas que ainda esperam, mas a paciência tem limites. A
classe política fala que os agricultores são um motor para o desenvolvimento do
país, mas falta aos políticos comprovarem aquilo que dizem. Têm neste caso da
barragem uma oportunidade de pôr em prática aquilo que dizem”.
Segundo o presidente da Associação de Regantes, o melhor
exemplo que há na exportação é a produção agrícola de Óbidos.
“Aqui produz-se maçã,
pêra e hortícolas e são três produtos primários que são usados como mais valias
para o exterior. Se isto não é um exemplo concreto de o país andar para a
frente não compreendo o que se tem de fazer mais. Não sei quanto perdemos sem
usar a água da barragem, mas sei que deixamos de produzir 30 por cento da nossa
capacidade por o sistema não estar a funcionar. Posso dizer que perdemos cerca
de 10 toneladas por hectare, por ano. Há pelo menos há seis anos que o nosso
dinheiro entrou na barragem e não temos retorno”, denunciou.
Em Óbidos na área de
regadio contempla as freguesias da Amoreira, Sobral da Lagoa, Vau, Santa Maria
e São Pedro.
Carlos Barroso
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